CONCLUÍDO [Alfadur / Vaan] - Em busca dos Perdidos - [Narrador quando necessário]

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Após as discussões sobre planejamento de guerra, Alfadur e Vaan conversariam sobre a ajuda oferecida pela mulher, pois Alfadur precisava saber como estavam as coisas em sua casa, sabia que a Guerra poderia alcança-los, seja pelas mãos dos bárbaros liderados por Fal Grey e outros inimigos, seja por Voz dos Antigos, seja pelos algozes além do mundo que, certamente, estariam eriçados esperando a chance de se envolverem, nem que fosse por simples diversão, como costumavam fazer os hedonistas Raksha.

Alfadur iria para seus aposentos para receber Vaan e reservou a ela uma cadeira para que ambos pudessem sentar-se ali.

- Então... Vaan... você disse que podia ver Destinos, que podia se comunicar com outras pessoas á distãncias longas... espero que consiga faze-lo com meu povo. Do que precisa para tentar se comunicar com eles? Posso descrever como são, onde vivem, como é nosso refúgio...

Esperou então a resposta da mulher.

Vaan entrou timidamente no quarto de Alfadur, fechando a porta atrás de si, preocupada em não fazer barulho. Ela olhou o homem sem dar sequer um sorriso. Ainda pensava no que havia acontecido na “sala de Guerra”, como gostava de chamar. Ela foi até a cadeira e sentou-se na frente do homem, ouvindo o que ele dizia. Suspirou e com uma expressão um pouco desanimada, disse:

-Eu não sei se vou conseguir, como eu te disse, mas eu acho que você pode me dar o nome de alguém de lá, alguém próximo. Me fale sobre ela e eu vou tentar achar o destino dela. Acho que quanto mais próximo, melhor.

Sentia-se uma vidente barata falando aquilo. Ergueu as sobrancelhas, esperando não parecer muito idiota depois de seu discurso quase charlatão.

- Alguém próximo... é dificil dizer... somos uma familia, mas de muitas pessoas. Tirando Niume que conheci depois, todos viemos do mesmo lugar. Todos nós éramos escravos além das fronteiras do Mundo, entre filhos de Fadas e prisioneiros sequestrados de suas famílias mundanas. Não sei se alguém aqui sabe, ou talvez não se preocuparam com isso, mas eu não era exatamente humano, antes mesmo de acontecer aquelas coisas em Haafingar.

Respirou fundo em uma forma decente de contar aquilo sem de algum modo choca-la, apesar de que era dificil surpreender alguem ali depois de tudo que já passaram.

- Nunca conheci uma mãe, mas meu pai é um deste seres do Caos. Eu já conhecia a Essência antes de conhecer a Noite Infinda, embora nem de longe me compararia ao que nos tornamos. Meu pai, que nem gosto de chama-lo assim, não passa de um tirano cheio de caprichos insanos. Em um momento de esperteza consegui prende-lo em uma trama onde ele não pôde escapar. Ele foi derrotado e eu trouxe comigo muitos de seus escravos, criamos um refúgio ao Norte de Gethamane, quase além dos confins do mundo. É um lugar onde a Realidade se distorce por si só, o que nos dá garantias de que exércitos da Criação o evitariam, mas sei que esta guerra também motiva os outros que vem de fora. Não sei se o seu Poder alcança algo fora dos limites da Criação, mas talvez possa ver os destinos dos que vivem além de onde as mãos tocam o céu!

E naquele instante, aproveitando de um simples pedaço de papel e uma pena e tinta, desenhou sobre ele algo que remetia a uma paisagem cercada de infinitas montanhas e infinitos precipicios, onde as passagens enganam os tolos, onde os caminhos reais não são visiveis. Ali estaria seu refugio, como um castelo cravado na rocha, quase pendurado em um imenso penhasco. Do outro lado, apenas a Incerteza disforme e vigiada por guardiões de uma última fronteira.

Vaan ouvia com atenção o que Alfadur dizia. Sentiu-se mal pelo homem, por toda sua história e o que ele passou. Não entendia muito bem o que era um “ser do Caos”. Seriam esses os Fair Folks? Baixou seus olhos tristes e vermelhos, falando pausada e calmamente, mas agora, havia uma ponta de pesar:

-Eu senti que você não era daqui. – e ergueu seus olhos para ele.
- Às vezes as pessoas não se importam. Cansa. – e suspirou, um pouco irritada.

Vaan olhou o desenho, sem esperança nos olhos. Ela respirou fundo e buscou algum ânimo. Não queria decepcionar Alfadur.

-Eu vou tentar, mas não sei se consigo, tá?

Ela fechou seus olhos e concentrou-se na imagem que Alfadur lhe dera, nas pessoas que possivelmente haveria naquele lugar. Para moldá-las, usou a imagem que tinha do próprio Alfadur: um ser que claramente não pertencia à Criação, um pouco perdido e que lutava para conseguir seu lugar. Um ser quase odiado, que não deveria viver. Vaan tentou ler as linhas dos destinos que levavam para aquele lugar, destinos que fugiam dos padrões normais da Criação. Algo de terrras mutáveis, sem leis. Tentava achar algo próximo do destino de Alfadur eNiume.

- Às vezes é bom não se importar... às vezes, a ignorância é uma benção, pois nos tira de outras preocupações. Não julgo os que conheci nesta jornada, pois cada um com sua história tem seus motivos para amar, odiar ou simplesmente não se importar... - Sorriu um pouco e continuou. - Dependendo de onde se está, não é preciso ser um forasteiro do Reino ou filho de um Raksha para despertar sentimentos de rejeição. Mas, posso lhe dizer que... isso não demorará muito a mudar.

Concluiu de modo um tanto ousado, um tanto confiante e confirmando as suspeitas de Vaan sobre quem seriam estes "senhores do caos". Este pensamento de futuro com certo ar de orgulho talvez fosse motivado pela a experiência com seu "passageiro das trevas", uma influência que pouco a pouco acabaria por muda-lo para que Alfadur se adaptasse à sua nova condição como Exaltado. Se ele devia de ser o Arauto das Infinitas Crianções, em breve não haveria mais espaço em sua alma para desapontamentos, tristezas ou rancores. Em seu futuro, os que vierem a ele com ares de rejeição serão apenas expurgados como peças inuteis ou estragadas, sem valor, vazias como o apreço inexistente de Alfadur por tudo aquilo que deseja negar.

Agora, esperaria pela mágica celestial de Vaan, esperando que viesse algum resultado dali, mesmo que naquele momento Alfadur estivesse bem disposto a aceitar uma falha simplesmente por Vaan se oferecer para ajuda-lo.

- Meu mestre discordaria sem pensar de você. - Vaan deu um sorriso tímido, enquanto falava com sua voz rouca, pausada. Ela passava calma, mas Alfadur podia sentir que aquilo era apenas a ponta do iceberg. Vaan escondia, com todas as forças, a tristeza e a dúvida que sentia em relação a ela mesma e seus novos companheiros.

- Ele sempre disse que conhecimento é a receita contra o medo.

E calou-se, com o olhar vago. Ela pareceu viajar, mas depois voltou a olhar Alfadur. Por aquele breve segundo, ele pôde ver a tristeza real que ela sentia, em seu olhar. Estava tão em dúvida, tão incerta de suas capacidades. Havia, afinal, deixado a amiga de Archer morrer...

-Eu..espero que você esteja certo, Alf. - tinha essa mania, de dar apelido aos outros. - Quer dizer, Alfadur.

E por fim, baixou seu olhar e depois o olhou novamente. Fechou os punhos e os olhos. Tentou concentrar-se de novo. Via as terras longíquas do norte, via a imagem de Fal Grey e dos inúmeros soldados que morriam. Via além das terras da Criação. Tentava se atrelar a alguma linha que pudesse levá-la até lá, mas nada. Vaan sentiu uma batida em sua cabeça. Voltou de seu transe com dor, passando a mão em sua nuca.

-Outch!

Ergueu seu olhar para Alfadur, triste por não ter conseguido cumprir sua promessa.

-Me desculpe, Alf...Mas acho que ainda não consigo fazer isso... Lá o destino não chega...Eu não consegui me comunicar com eles.

Alfadur a ouviu enquanto ela comentava seus dizeres, sorriu um pouco, ainda mantendo um aspecto calmo e gentil para responde-la em seguida.

- Mestres... talvez o seu a ajude a se encontrar... - Um breve sorriso ficando em silencio para que Vaan pudesse concentrar-se. Não que Alfadur não gosdtasse de mestres, mas de fato ele nunca o teve, ao contrário, ele devia se ro mestre de muitas vidas perdidas e agora não sabia como lidar com seu futuro estranho cheio de incertezas e supostos destinos grandiosos e até mesmo catastroficos. Quando Vaan encerrava o breve rito assumindo incapacidade de fazer o que se propos Alfadur novamente sorriu fitando-a.

- Talvez os que vivem além das fronteiras do mundo estão livres dos Destinos da Criação. Por isso você não pode encontra-los, mas... agradeço o empenho... - Fez uma breve saudação em agradecimento á tentativa. Alfadur não iria amofina-la ou critica-la por ter falhado, não faria como seu passageiro sombrio, pois em nada as zombarias o motivavam. Melhor era valorizar um bom intento.

Finalizada?