CONCLUÍDO [Hector]A Escada (NARRADOR)

01

(...)Hector saiu novamente, afim de procurar pelo barco o garoto que havia chamado sua atenção no início da reunião.

Procurava por Deran, o garoto que havia sido colocado para escoltá-los para baixo, caso assim decidissem. O garoto com o símbolo em seu braço, o garoto que parecia controlar o ar. Hector sentia-se atraído por magia - acreditava que toda magia vinha, de alguma forma, do controle dos espíritos e das energias dos seres vivos e mortos, e nunca havia tido uma oportunidade tão boa para conversar com um praticante real.

... Ou, ainda melhor: uma oportunidade tão boa para aprender um pouco sobre aquilo. Talvez a manipulação do ar não fosse exatamente algo que queria saber, mas, talvez, Deran soubesse de outras coisas. E mesmo que não soubesse: a conversa valheria a pena.

02

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Data de encerramento: 16/06

Procuraria por Devans entre os membros da tripulação, mas demoraria até, finalmente, achá-lo.

Era um homem já na casa dos trinta anos, de cabelos desgrenhados e barba por fazer. Cobria seu corpo com vestes simples, de algodão, e um tanto gastas. Mais gastas que o normal para qualquer outro que ali estivesse.

Tinha sua cabine própria, que era pouco maior do que um quarto comum. Estava sentado sobre uma cadeira, o braços apoiados sobre uma mesa de madeira, escrevendo sobre um livro. Ele não precisou olhar para trás para vê-lo.

- As grandes embarcações precisam de diversos taumaturgos para manter a manutenção em dia. Aqui, apenas eu.

Virou a página amarelada, cheia de escritos e desenhos.

- Qual conhecimento você veio sugar de mim?

03

" - Quer dizer que vamos cair?" - respondeu Hector, diante do 'comprimento' de Devan - afinal, se era comum usar-se vários, e ali existia apenas um... Ou talvez o cara fosse, simplesmente, muito bom. Era difícil ter certeza, afinal de contas.

Aproximou-se, parando ali, a mais ou menos um metro e meio de Devan. Riu, da última pergunta, enquanto tentava espiar o livro, ver se conseguia entender alguma coisa, mesmo que achasse que as chances eram pequenas - a única lingua que sabia além da mãe era a Língua Antiga, afinal de contas.

- Ainda não sei. - respondeu, com ares de riso. - Só sei que vai ser interessante, conversar com um taumaturgo. O que você estuda?

04

- Se mais de três sistemas falharem ao mesmo tempo. Sim. Ou se o intervalo de reparo for superior à cinco minutos, também. Acostume-se, é o preço da utilidade.

Haviam alguns livros de capaz de couro. Pesados tomos com páginas amareladas e cheios de poeiras. Em um dos cantos, uma estande com frascos de cores diferentes, contéudos diferentes. Sobre a mesa, um mapa das estrelas da Criação, mal feito e que assemelhava-se mais a um rascunho.

- Receitas. Fórmulas. Não há diferença entre invocar um demônio e fazer um bolo de maçã.

Rabiscou alguma coisa em um segundo caderno de anotações sobre a mesa.

- Conhecimento esse que não é nada para Anathemas como você.

Hector acenou afirmativamente com a cabeça, meneando-a um pouco. - Acho que, considerando todas as outras coisas acontecendo, a menor chance de morrermos bem desse barco, pelo visto. - ele comentou.

Franziu o cenho, interessado. " - Como pode não haver diferença?" - ele perguntou. " - São objetivos diferentes, completamente diferentes."

— objetivos diferentes, mas os meios continuam idênticos. receitas pré concebidas, testadas, aperfeiçoadas e que devem seguir um rigor, ou você acaba queimando a sua torta... Ou invocando o demônio errado. Enfim... Qual o teu propósito aqui?

" - Aprender." - Hector disse, pura e simplesmente. Ainda que sua personalidade houvesse mudado, realmente tinha ido até ali na esperança de terem uma discussão descontraída sobre magia, espíritos, deuses e a porra toda.

Mas não era bem assim, era? Deran parecia ser um homem muito... direto.

Não havia pensado exatamente no que queria aprender. Apenas saber como tudo funcionava já parecia muito bom - mas o cara continuava falando sobre invocar demônios. E aquilo parecia interessante. Lembrava-se de seu 'sonho', com o Rei da Coroa Ensanguentada. De como eles haviam se dobrado a sua vontade.

- Isso com os demônios, por exemplo.

Havia muita coisa a se fazer, muita coisa a se pensar quando aproximavam-se de uma situação de combate. Os barcos voadores eram, de certa forma, mecanismos frageis.

- Você quer invocar demônios? Hah.

Fez um gesto com a mão, como se quisesse que o homem se afastasse dele e que sua pergunta fosse estúpida.

- Invocar como eu invocaria? Através de rituais, quando você tem a chance de comandar a essência que flui pelo universo? Não seja idiota. Qualquer estudioso que cresceu entre os macacos saberia que a taumaturgia é inferior à feitiçaria. Imbecil.

Ele colocava uma outra folha de lado, fazia alguns rabiscos e continuava.

- Se quiser aprender receitas de bolo, como eu, pegue o livro com capa vermelha e o desenho de um elefante na capa. Você pode copiar o que estiver aí e me devolver antes de desembarcar...

Ficou alguns minutos em silêncio. Imaginando que Hector iria embora ou, simplesmente, esquecendo dele. Rabiscava aquele maldito papel continuamente.

- Eu não sou um iluminado. Não tive culhão para isso. Se você quiser ser um, tudo o que sei é que você precisa passar pelas Cinco Ordálias: Humildade, Tutelagem, Jornada, Medo e Sacrifício... quando você passar por essas ordálias, TALVEZ, será capaz de controlar à essência como um sacerdote. Talvez.

Levantou-se, batendo com as mãos sobre a mesa. Bufou e virou-se na direção de Hector.

- Se não tiver mais nenhuma pergunta, tenho trabalho a fazer.

E passou por ele.

(Fim de jogo. Envie a ação de conclusão)

Hector ainda estava um tanto pensativo - e um tanto surpreso - como o homem guiara a conversação. Como ele sabia daquele detalhe sobre si? O gigante fora até lá inconsciente de seu desejo: fora até lá pelo conhecimento que sempre o havia atraído, e, agora, sabia que procurava compreender as artes da invocação dos demônios - seus servos - para o plano material.

Franziu o cenho. Queria mandá-lo a merda por tratá-lo daquela forma, como se fosse um qualquer, mas não o fez. O homem tinha conhecimentos, afinal de contas, e Hector odiava afirmar, mas, como qualquer um poderia dizer, conhecimento é, realmente, exatamente o mesmo que poder.

- Qual a diferença? - quis saber. Oras. Se ele tinha acesso a algo melhor e maior que a dita taumaturgia, queria saber o que era. Qual era a diuferença real entre taumaturgia e feitiçaria? Ambos não tratavam da essência do mundo..?

As ordálias não lhe desceram: a primeira, principalmente. O Hector de antigamente consideraria-se feliz, por saber que era humilde, e saber que já teria aquilo em suas mãos. O Hector atual, maculado pelas profundezas de sua mente, considerava humildade desnecessária como sinal de estupidez.

Deixou que fosse. Tinha muito sobre o que pensar.

- Eu disse que você deveria sair se não tivesse mais perguntas? Vou corrigir. Saia junto com suas perguntas. Tenho trabalho a fazer para que essa merda não caia.


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