"Vamos fazer juntos!"

Mais uma manhã tranquila na cidade de Litle Rocks, o trânsito aparentemente bom como devia de ser em uma cidade mediana, por ser início do Inverno ainda não havia neve cobrindo as ruas ou gelo deixando o asfalto liso demais para motoristas pouco habilidosos. Em uma rádio local, apenas notícias simplórias e alguns trocadilhos inocentes alternando com algumas baladas instantâneas destes programas musicais massivos. O céu estava claro anunciando um belo dia de sol, embora frio, mas pelo menos mendigos não morreriam de frio pelas ruas naquele dia.
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- Este inverno bem que podia durar apenas 3 dias ao invés de 3 meses... - Reclamou Josef enquanto dirigia seu Hummer tranquilamente por uma larga avenida. Curioso... pois não devia reclamar, não alguém dentro de um carro com ar-condicionado, mas talvez fosse apenas o desejo simplório de que aquela estação passasse logo e viesse a sua estação obviamente predileta. O Inverno sempre lhe pareceu um tanto sem graça, mesmo com todos aqueles arranjos bonitos que as pessoas colocavam nas casas e nas ruas para comemorarem a festa anual que misturava crenças ocidentais e culturas pagãs dos tempos da Idade Média. Era divertido, em parte, mas não tinha a beleza natural da Primavera que enchia as árvores de frutos e flores, além de esquentar o mundo e também as pessoas.

Naquele dia em especial, Josef iria ao Banco para negociar um aumento de uma linha de crédito para seu empreendimento noturno, afinal, ele precisava manter sempre um bom capital de Giro para fortalecer seu negócio. Mais do que um mero capricho humano, ele bem sabia o quanto aquela estrutura era útil a ele e outros semelhantes que vez ou outra precisavam de um lugar mais interessante para espairecer e esquecer um pouco os problema de uma vida dualística. Como de costume, Josef estacionou o carro em uma vaga reservada a cliente e desceu do veículo ajeitando um pouco as roupas de aspecto esporte-fino que lhe davam um ar bem elegante, embora não muito exagerado. Vestia roupas de tonalidade escura sob um casaco cinza e longo com uma gola alta que o mantinha aquecido, além dos sapatos bem limpos e engraxados.

Sem demora entraria naquele antro capitalista cheio de sangue-sugas loucos por dinheiro para conversar com a Sra Smith, sua Gerente, que como de costume, teria de trata-lo bem, não apenas por seu inigualável e cativante carisma, mas por também vislumbrar boas possibilidades de negócio com aquele gentil e educado homem. Ao passar pela porta, alguns breves cumprimentos aos seguranças que mantinham os bandidos longe daquele estabelecimento financeiro e já se dirigia ao segundo andar pois havia agendado seu atendimento, sem filas, sem contra-tempos, afinal, ali era Little Rocks, EUA, e não algum destes países emergentes abaixo da linha do Equador.

Na verdade, não fora bem assim que as coisas aconteceram.

Em seu caminho para o banco, preso no trânsito, Josef fora atacado. Bom, metafóricamente, de qualquer forma - um daqueles pobres garotos sem perspectiva de vida havia jogado um balde de água suja e detergente no painel fontral de seu carro, e começado a lavá-lo, logo em seguida, sem sequer pedir permissão, ou qualquer coisa assim.

Lavado, enxagado, e devidamente grudento, gorduroso e mais sujo do que estava antres, o moleque enfiou um papel por baixo do limpa-vidro e, sem sequer pedir uma moeda, vazou corrido, desaparecendo em meio ao tráfico, rindo.

No folheto, virado de frente para ele, pressionado contra o parabrisa, Josef pode ler o nome de uma peça que seria estrelada pelas crianças da Escola Municipal Elizabeth, com o nome em vermelho bem no topo: CUIDADO COM O LEÃO EM SUA TOCA.

[...]

Já no banco, os seguranças o comprimentaram normalmente, com um pequeno detalhe - um deles, um segurança já conhecido de Josef, que trabalhava lá a alguns anos, deu um sorriso meio envergonhado, depois que o homem deu dois passos para longe de si.

- Sr? - ele chamou. - Desculpe atrapalhar, mas poderia me seguir até a sala da segurança? - perguntou em tom baixo, já aproximando-se e sempre sorrindo. Erea bem treinado para não causar embaraços públicos aos ricaços.

- ... - Olhou pelo vidro, desacreditado... não devia ter aquelas coisas naquela cidade. Talvez, se fosse outra pessoa, se fosse apenas mais um na multidão, ele ligaria o esguiço do parabrisa e acionaria o limpador para limpar o vidro e isolar aquele panfleto. Mas não... ele não banalizaria nada que fosse incerto ou duvidoso, pois ele sabia bem que o incerto e o duvidoso vai muito além do mero acaso. Quando o sinal abrisse, ele arrancaria devagar e na primeira oportunidade pegaria o panfleto esticando a mao pra fora do carro e só depois lavaria o parabrisa. Guardaria o panfleto em um bolso.

Já no banco, olhou o segurança aborda-lo. Apesar de estar sempre calmo e ter um aspecto gentil e modos educados era óbvio que ele não gostava muito do que se passava. Ele conhecia bem certas coisas do trato humano, sabia bem o que as pessoas faziam quando queriam dissimular e faltar-lhe com a verdade. Mesmo que fosse por prudencia do segurança, Josef fechou um pouco a cara, demonstrando não gostar do modo como aquele cenário se moldava.

- O que houve? - Perguntou ao homem com um olhar que não chegava a intimida-lo, não como algo que lhe provocasse medo, mas que exigia respeito. Sua voz era calma, tranquila, mas possuia um certo peso, tipica de alguem que era muito bom em trato social. Josef acompanharia o homem, mas certamente o segurança sentiria um grande constrangimento por mais bem treinado que fosse.

O panfleto não parecia ter nada incomum, ao ser examinado com mais atenção - era uma peça infantil, aparentemente a conclusão de módulo de uma escola de teatro para crianças de sete a dezessete anos. O papel era amarelo, e mostrava fotos editadas no photoshop do cenário, onde um homem numa fantasia de leão tinha os braços abertos e parecia querer abraçar algumas crianças encolhidas à sua frente, no chão.

O título que era estranho, entretanto. "CUIDADO COM O LEÃO EM SUA TOCA". Um pouco... Um pouco sério demais, para uma peça infantil, não?

[...]

O guarda olhou para Josef, e deu um sorriso meio triste. Era fácil ver que, honestamente, ele não gostava de levar o homem que sempre fora educado com ele para a sala de segurança, como alguma espécie de criminoso. Mas era seu trabalho, afinal de contas.

- Alguns senhores querem falar com o Senhor. - ele disse, ainda guiando-o. Estavam movendo-se em direção a uma porta no fundo do salão principal. Ao passar por ela, desencadeariam em um corredor bonito e bem iluminado, de aspecto empresarial.

Josef seguia com o homem, mas agora possuía olhares desconfiados... desconfiados e atentos, pois não havia nada de errado com seus negócios no banco, tão pouco com sua documentação. Ele sabia bem que aquela identidade era quase perfeita, livre de qualquer suspeita. Não havia qualquer motivo lógico para que ele fosse acusado de qualquer problema envolvendo suas finanças. Talvez o que tinha de errado não fosse contra ele, mas o certo seria um funcionário do banco aborda-lo, e não um segurança. Aquilo tudo era desagradável, embora não chegasse a ser constrangedor dado o cuidado com que a cena ocorria.

Ao chegarem no corredor, Josef passou a observar de modo mais atento os arredores, os gestos do segurança, o que mais pudesse aparecer de novidade ali. Embora nao tivesse a menor idéia do que acontecia, ele não podia se dar ao luxo de confiar apenas no Sistema para se garantir. Seu passado, sua origem, sua essência, não permitiam tal descuido!


(Teste de Percepção com "Wits + Composure + 1FDV". Era pra ser com 6 dados, mas fiz barbeiragem com o rolador e rolei 7. Pode tirar 1 sucesso porque 2 já são suficientes)

O membro 'Dønø_da_Wyrm' realizou a seguinte ação: Roll

'D10' : 8, 8, 7, 2, 6, 8, 1