Caminhos Inferiores

Haviam diversas trilhas que levavam até os caminhos inferiores, dos mais diversos distritos. Todos eles eram protegidos por ao menos dois guardas e sua entrada era barrada por um portão de metal que dificultava a vinda dos Horrores que viviam em meio aquela escuridão.

"Os guardas nos protegem" diria qualquer cidadão de Gethamane "Quando todos correm para longe dos monstros, eles correm NA DIREÇÃO DOS MONSTROS".

E Monstros... Horrores de escuridão e pesadelo as vezes emergiam por aquelas grades, invadiam Gethamane e traziam terror. As vezes, apenas as vezes, alguém descia pelos Caminhos Inferiores em busca de riqueza e conhecimento. As vezes... retornavam.

"Uma vez, um estudioso do Reino, disse que são criaturas profanas, criadas pelos Anathemas mais depravados... sei lá. Eu sei que elas são feias, mortais e tem a mania de matar meus amigos. Então, eu mato elas assim que vejo".

Vaan percorreu o corredor que mais a fazia lembrar-se de seu sonho. Ainda, mesmo que não conseguia diferenciar muitos dos desenhos e seus significados, passava com certa atenção seus olhinhos curiosos sobre cada um. Vez ou outra, Vaan parou, deixou a cabeça pender para o lado e levou a mão até seus lábios. Espremia-os em uma careta compenetrada. Depois de uns segundos tentando encontrar qualquer lógica naquela "bagunça"- era o que ela estava começando a pensar -, desistia e voltava a caminhar.

A sensação de ser observada ainda a incomodava, mas ela tentava não dar muita atenção. As vezes que sentia aquela presença mais perto, ela fechava rapidamente os olhos e segurava firme a pedra que Archer lhe deu.

Archer...Às vezes pensava nele também. Será que ele estaria com os outros, a essa altura? Será que..o veria de novo?

Deixou os olhos caírem e uma expressão de preocupação passou rapidamente por sua face.

Novamente balançou a cabeça e seguiu. Caminhou mais uns metros e ouvia o que os cidadãos diziam sobre os guardas. Vaan não respondia nada. Guardava a informação e fez poucas perguntas aos que davam atenção à menina:

-É mesmo? E o que já encontraram lá embaixo?

Apontou alguns desenhos.

-Homens pássaros lagartos?

Esperava a resposta, ansiosa. Quem sabe alguém lhe daria alguma ajuda.

Antes de descer, tentou ver se algum guarda a acompanhava, alguém que soubesse onde pisar naqueles túneis fedorentos e esquecidos.

Esperaria a resposta e então adentraria para a escuridão que antes a olhava tão intensamente.

- Morte.

Apenas isso que havia lá. Alguns encontravam riquezas, outros encontravam nada além de dor.

O homem que detinha a chave, trajando vestes semelhante a de um soldado, com um elmo enfiado na cabeça a acompanhava.

No início, caminhavam em silêncio, indo pelos trajetos sinuosos que eram os caminhos inferiores. As paredes, que de início eram meio barrosas, meio acizentandas, começavam a ficar mais negras. Em seus rostos, soprava um vento cheio de mau presságios, um odor meio azedo preenchia as narinas.

- O que cê tá procurando?

A pergunta veio de quase duas horas de viagem depois. O soldado havia mantido o ritmo, sem cansar, por todo aquele tempo.

Chegaram em uma bifurcação, onde o corredor se dividia em dois caminhos distintos. O guarda, que não ostentava qualquer arma consigo, cruzou os braços e segurou o queixo com a mão direita.

- Pelo que sabemos... descendo por este caminho a esquerda, há um trajeto onde um metal negro cresce nas paredes, junto do ferro. Do lado direito, temos apenas o relato de retorno de dois homens e os dois disseram que foram emboscados ali.

Olhou para Vaan.

- Então?

-Ótimo.

Era a única coisa que a menina respondia, enquanto respirava fundo e revirava seus olhos. Além da droga da visão que tivera, agora as pessoas também davam somente respostas que traziam medo. Será que ninguém poderia ser mais otimista?

Deu os ombros e seguia por seu caminho tortuoso, escondendo como podia seu nervosismo. Caminhava e nem olhava para o guarda. Vezes seus olhos percorriam o caminho e sentia um arrepio na espinha ao lembrar-se de sua visão, dos sentimentos que ela passava.

Baixou seus olhos e coçou a nuca, sem parar de andar. Quando o guarda falou com ela, até levou um susto. Sua voz era calma e rouca, quase desinteressada.

- Um conhecimento há muito tempo perdido. Só sei que está em algum lugar aqui. E que tem a ver com homens lagarto/pássaros. Sabe, aqueles dos desenhos dos corredores do Distrito dos Templos. Sabe alguma coisa deles?

Quando chegaram na bifurcação, ela parou e abriu um pouco mais os olhos.

-Metal negro? - seu rosto iluminou-se. Pegou uma das kunais que Archer lhe dera.

-Como esse?

- Homens lagartos??

O soldado coçou a cabeça. Vaan teria visto, provavelmente, uma expressão de dúvida em sua face, se o elmo não lhe cobrisse a maior parte do rosto.

- Er... não, não. - Pausou, pensativo - Eu achava que vocês, Escolhidos fodões que sabiam a resposta para tudo. Cêis não tem acesso aos segredos do céu e da terra?

Havia uma dúvida genuína, meio irônica, como se ele realmente achasse que pessoas como Vaan, tinham conhecimento que pessoas como ele, seriam apenas capazes de sonhar.

Olhou para o metal e balançou a cabeça. Aproximou o nariz e fungou o ar.

- Mm... não. Aquele lá tem cheiro de morte.

Deu de ombros.

Vaan franziua testa. Franziu a testa e sua expressão emburrada ganhou o peso do elmo do rapaz. Cruzou os braços e parou de andar, vendo as costas do homem.

-Mesmo que eu te contasse, você iria esquecer.

E balançou a cabeça negativamente, ignorando o tom irônico do homem.

- Vamos por aqui.

APontou o caminho do metal negro. Vaan pensou no rapaz, que estava sem armas. Melhor levá-lo de volta vivo, pensou.

Enquanto andava, pegava seu mapa, instrumento de Yu-Shan, e consultava os caminhos. Queria saber se os dois encontravam-se ao longo da via ou se havia caminhos ocultos.

O mapa aparentemente era um pedaço velho de papel, sem nada escrito e partecia que iria se desfazer ao menor toque. Porém, quando a menina deixava que sua Essência percorresse o mesmo, ele brilhava em uma luz fraca, lilás, e os caminhos, em um lilás forte e belo, se revelavam. Alguns até passavam a borda do papel e iam se ajustando, conforme Vaan andava.

cantarolava uma musiquinha, bem baixa.

Tinha, também, atenção a sua volta.

Vaan pensou em ter ouvido uma risada abafada, do Soldado, por conta da falta de respostas dela. A expressão de insatisfação dela era tão clara e cristalina, que era impossível não perceber.

- Troço legal esse aê.

Ele disse, ao ver a essência da garota fluindo. O mapa apenas servia como uma espécie de Fio de Ariadne. Não revelava, apenas mostrava por onde ela passou.

Continuaram a caminhar na direção apontada, sem muitas dificuldade, apesar da distância. Foi algo em torno de 02 horas, mas Vaan tinha a sensação de que caminhava a pelo menos 12 horas. Os pés ficavam meio pesados, o cérebro precisava manter-se focado, mas era difícil no meio daquela monotonia de imagens.

- O reservatório deve ser logo adiante...

E era. O corredor foi se expandindo e onde antes sua largura era de 5 metros, aumentou, gradualmente, para 20. No centro, havia uma pequena fogueira feita, bem como algumas panelas.


- É meu! É MEU!!!

Um homem de barba expessa e descuidada, sem cabelos e um olhar assustado os encarava, com uma picareta em mãos.

- É tudo meu!!!

Provavelmente ele se referia as paredes. Onde antes era um reservatório de metal, agora era coberto por um mineral obsidiano, negro como o abismo. Se chegasse mais perto e olhasse com mais atenção, veria que rostos se formavam e se desfaziam, como espectros afastados.

Vaan sentiu a tensão no soldado.

- Isso está errado.., normalmente... há apenas algumas poucas porções do metal... isso...

Soulsteel. Vaan o reconhecia de suas aulas em Yu Shan, um dos Cinco Materiais mágicos, que normalmente era encontrado em Shadowlands ou no próprio Submundo.

Sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

Enquanto isso, o homem brandia a picareta.

- Meu! SAIAM! SAIAM!!!

"Ai, paciência!!" - foi o que ela pediu às aranhas. Ela não olhou para o soldado e sua vontade era dar uma liçãozinha nele. Algo leve, nada demais. Talvez sumir e dar um belo susto no coitado, fazer ele sair correndo, gritar, essas coisas bobas. Ia ser engraçado. Ah, se ia. Uma risadinha inconsequente escapou, mas logo ela deixou esses planos pra lá. Não tinha tempo pra brincadeiras.

"Sorte sua!"

Enquanto olhava para o mapa que se abria diante dela, ela arqueou uma sobrancelha. Ouviu a voz do guarda, mas não deu muita atenção, a princípio. Erguia os olhos entre o mapa e o caminho a frente. Depois de um bom tempo que resolveu dar um tedioso "Uhum" ao homem, diante de sua afirmação sobre como o mapa era legal.

Mais uma vez, seguiram calados. Vaan pensava em sua sorte. Será que algum dia ia encotrar alguém realmente simpático? Sorriu e franziu a testa. Provavelmente não. Parecia que o Destino adorava colocar gente debochada em seu caminho. Talvez fosse seu Karma. Quem sabe, na vida passada, ela não foi uma maldita filha da puta?

Esses pensamentos vagos ajudavam a Sideral a esquecer o cansaço que ia consumindo-a. Suas pernas pareciam mais pesadas e seus pés pareciam esmagados. As costas arqueavam levemente para a frente. Forçava a vista muitas das vezes. Quando fciava difícil, ela levava uma das mãos até seu bolso, onde havia guardado a pedra de Archer. Sua sorte era que estava a costumada a longas e difíceis caminhadas.

Quando já não aguentava mais ver paredes, o reservatório chegou e..

- Quem raios é esse homem??

A pergunta saiu natural, quando ela passou os olhos irritados pelo guarda. Olhou o velho, olhou o metal e então, sentiu aquele alerta natural. A tensão no ar. Vaan, sem perceber, fechou os punhos e tomou uma postura mais arisca. Passou, de novo, os olhos pelo metal e ao ver as nuances de rostos fantasmagóricos, logo soube do que se tratava. O homem estava certo em sentir-se tenso.

-Soulsteel...

Seus olhos estavam bem abertos e em um segundo, olhou o mapa, em busca de passagens. Por enquanto, ignorava o homem da picareta, apesar de estar atenta a ele, caso atacasse.

-Sim..Isso está muito errado. É bom ter o coração forte.

Por fim, falou para o homem, enquanto o olhava com os olhos vermelhos e focados, prontos para a confusão que tinha certeza que aconteceria.

O membro 'Valkyrja' realizou a seguinte ação: Roll

'D10' : 4, 7, 4, 7, 2

O homem com a picareta gritava. E começava a gritar cada vez mais alto. Dizia que tudo aquilo era dele, e só dele. Tinha os olhos profundos, com olheiras densas e arroxeadas, um aspecto quase cadáverico, quase semelhante aos quatro baldes de pedras de Soulsteel que ele havia conseguido coletar.

- MEU!!!

Algo... errado...

Olhou pelo caminho de onde vieram, olhou para o caminho que tinham a frente e ... não, não parecia o mesmo. Alguma coisa tinha mudado, alterado. A estrutura das pedras.

O soldado gesticulava ao velho, pedia silêncio, afinal, sabe-se lá o que havia naquele inferno de pedra e terra.

Vaan não mais olhava o mapa. Na verdade, havia-o dobrado e guardado. Seus olhos percorriam o lugar e ela tinha uma expressão preocupada. Sentia, sabia e era quase palpável que alguma coisa ali estava fora do lugar. Não sabia exatamente o que, mas procurava.

-Quieto!

Falou em uma voz um pouco baixa, mais para ela própria. A voz do homem estava começando a irritá-la, ainda mais quando ela não conseguia identificar o que estava errado. A presença do Soulsteel a deixava nervosa. Quase sentiu medo.

Olhou para o caminho e...

-Uma ilusão? Mas que porra..?

Vaan balançou a cabeça e deu um passo na direção do homem de picareta. Seu olhar era desafiador.

-...

Mais um passo. Veria até onde ele iria. Depois, desviou o caminho e foi até a parede, tocando a pedra.

Aproximou-se do homem e lá veio o golpe! A picareta percorreu o ar, em um movimento meio desastrado, de cima para baixo, buscando acertar a cabeça da garota.

- Hey, hey hey!!

O soldado se precipitava. Vaan, no último instante, havia dado um passo para trás. Havia um pequeno corte em seu braço. Um corte bem real, ainda que nada significasse.

- Hey! Velhote! Nós não vamos pegar nada, cara. É tudo teu! Tudo teu!! - virou-se para Vaan - O que diabos cê tá fazendo? Encostar nas pedras do cara assim?! Ou vamos embora, ou matamos esse cara. Não há nada para ver aqui.

- Haaaah! Saiam! Saiam!!

O velho gritava. E então abriu ambos os braços na frente da parede coberta por Soulsteel.

A menos que Vaan procurasse por algo especifico, dificilmente encontraria qualquer coisa ali, que estivesse a vista.

O caminho pelo qual viera havia mudado, não tinha mais certeza para onde a levaria. O caminho que tinha a frente... não tinha a menor certeza de onde resultaria.

Queria ver se o velho era algo a mais, algo que estava se escondendo dentro de algum tipo de ilusão, mas não parecia ser nada demais.

O problema era o parecia. Não sabia se podia confiar naquele pequeno corte em seu braço. Aquela sensação, aquele fio em sua espinha que beirava o medo, o cheiro não só de morte, mas insanidade...

Vaan tinha os olhos cobertos por uma preocupação latente. Voltar não era uma opção, mas sentia que avançar seria muito mais perigoso agora. A presença do Soulsteel, ali...

Engoliu em seco e ignorou o soldado, começando a caminhar para o corredor que seguia. Deu uma espiada para o homem e abriu o mapa novamente.

Sentiu-se mal. Sabia que havia alguma coisa a mais naquela sala,mas, infelizmente, não conseguia perceber.

Avançou pelo corredor, pensando no que poderia encontrar.

Vaan olhou para o mapa, olhou ao redor e procurou, alguma coisa, algo que a colocasse devolta em contato com o que quer que houvesse a levado até aquele ponto.

O ar havia se tornado pesado demais, quase ácido. Sua respiração ficava mais forte, dificultosa. A temperatura caia drasticamente.

"Sangue... sangue..."

"Da Luz... da luz...."

"Nos Chama... Nos chama..."

Sua visão escureceu, cambaleou para frente e apoiou a mão na parede mais próxima à sua esquerda. Um grito, alto, forte, desesperado, carregado de terror, ecoou em sua mente, em seu próprio espírito.

- Hey, você está bem?

- SAIAM! É MEU!

Em meio aos gritos do velho, era amparada pelo soldado, que segurava com descuido a garota pelo braço.

- SAIAM!!!! SAIAM!!!!!

"tectectectectectectectectectectectectectec"

Seus olhos não conseguiam focar. Não tinha sequer forças para ler o que o mapa lhe dizia.

"Mas o que?" - ela não conseguiu reunir mais que um simples pensamento, enquanto lutava contra o próprio ar para permanecer-se de pé. Fechou os olhos fortemente e tentou afastar aquela sensação de medo puro, do terror que era inimaginável.

Vaan respirou, mas o ar simplesmente não preenchia seus pulmões. A garota ouvia as vozes. ela passou seus olhos amarelos pelo local, mas não via nada, não achava nada. Amaldiçoava-se e sentia que, quando o fazia, as vozes, o medo ficavam mais fortes.

O grito rompeu sua mente e ela cambaleou. Firmou-se ao sentir a mão do soldado em seu braço. Balançou a cabeça e encostou a mãos suja de seu próprio sangue nas pedras.

Olhou o guarda.

-desculpe por isso.

E olhou o homem velho.

No instante seguinte, Vaan soltara-se da mão do soldado e avançou contra o soldado, rápida como um felino. Na base do cavalo, deferiu um golpe poderoso na boca do estômago do velho. Puxou o pé da frente e sua mão do cotovelo que acertara o homem foi puxada para perto do rosto da garota. Com a força do quadril, esticou o braço e deferiu um golpe com as costas da mão fechada contra a têmpora do homem, com força suficiente para deixá-lo desfalecido.

-

O membro 'Valkyrja' realizou a seguinte ação: Roll

'D10' : 9, 4, 4, 9, 9, 9, 1, 3, 3, 8

"O sangue..."

E o velho girou, gritando, se debatendo até que seu corpo tombasse e caísse sobre o chão. Com ambos os braços abertos em uma visão realmente cômica.

- Mas que d...!!

O soldado bradou, assustado com aquela cena gratuita de violência.

- Ele também estava me irritando, mas... precisava disso?!

E lá estava o velho. Inconsciente. No canto de sua boca, um pequeno filete de sangue se formou e escorreu pelo rosto suado e e enrugado até que... tocou o chão.

"nos chama..."

O chão começou a tremer, como se alguma coisa estivesse se movendo sob ele.

"O sangue..."

E a voz tornava-se mais alta, mais forte, como uma centena de vozes distorcidas anunciassem o fim dos tempos.

Uma centena de vozes. Seguidas por uma centenas de mãos que surgiram de dentro do chão, atravessaram a terra e seguraram o corpo do velho. Mãos negras, apodrecidas, algumas apenas músculos, outras ossos e carne pútrida. O soldado deu dois passos para trás, afastando-se diante da cena bizarra onde o corpo do velho começava a ser puxado para dentro do chão.

Ao redor de onde estavam, outras mãos começavam s surgir.

- Ótima idéia, uh?

O soldado rangeu os dentes, mordendo o lábio enquanto falava. Havia uma clara tensão em sua voz, uma tensão de alguém que lida com o desconhecido.

Vaan bufou. Bufou e fez uma cara emburrada. Já não bastava ter que lidar com seus próprios problemas, agora tinha ainda um soldado com um humor tão ácido quanto aquele ar. Que raiva que sentia de sua sorte! Talvez, se fosse confeiteira ou dançarina, as pessoas fossem mais educadas com ela! Mas nãaao! Tinha que trabalhar com gente irritada!

Balançou rapidamente a cabeça e olhou o soldado. Na verdade, queria apenas testar uma hipótese. Sabia que havia algo escondido ali e pensou que o velho poderia ter alguma coisa a ver, mas na verdade, ele parecia ter sido vítima, também, daquele estranho lugar.

Mais uma vez o soldado falou e Vaan fez sua voz rouca ecoar pelo SoulSteel.


-Quer ficar cal..!!

E então o corpo do velho foi sugado para dentro do chão. Junto com o homem, Vaan deu um passo para trás. Parecia quase tão assustada quanto ele. Porém, sua expressão era mais de surpresa.

“Demônios?”

-Príncipes caídos...- e pegou uma gota se seu sangue na ponta dos dedos.

-Quem trouxe vocês pra cá?

Sua Essência divina fez-se presente no local. O brilho lilás pairava pela sala, belo e forte como a mais brilhante constelação, enquanto ela se afastava das mãos com um olhar forte. Passou a mão limpa pelas paredes, vendo as almas presas no Soulsteel.

Ficava próxima ao guarda, caso ele precisasse de ajuda.

Rolagens (Accuracy)

O membro '25Slash7' realizou a seguinte ação: Roll

'D10' : 1, 1, 10, 5

Enquanto o corpo do velho era dragado para as profundezas daquele abismo de terra, Vaan invocava a sua essência divina em consonância com a representação mais tangível de seu espírito imortal: seu sangue.

Aquilo causou... algo.

"Sangue... nos chama"

Vaan tentou dialogar com o que raios houvesse ali, mas, tudo o que teve em resposta foi o golpear rápido de uma das mãos que tentou segurar-se ao seu pé. No último instante, a garota conseguiu esquivar com um salto curto para trás.

Ao mesmo tempo, mais das mãos começavam a surgir. O soldado olhou para Vaan e então olhou para a saída que havia a frente deles. Aquele era o único caminho que tinham, ainda que isso importasse no necessário desvio de alguns daqueles pútridos membros que erguiam-se do solo.

- Por que não aproveita e chama eles para um café?!?!

Berrou o soldado, irritado. Saindo correndo em seguida.

O brilho lilás e imaculado percorria por todo aquele salão profano, sujo e carregado de ódio. Um ódio que fazia com que Vaan cerrasse seus dentes. Em contraste com as almas presas e feridas do Soulsteel, a Essência de Vaan viajava pela sala e era refletida pelo metal negro das paredes. Algumas vezes, parecia, até, ser absorvida...

Tentava dialogar, mas nada, ninguém respondia. Aqueles seres pareciam ter apenas um objetivo, um instinto: o sangue. Deu um leve salto e quando o fez, quando sentiu que quase fora tocada por uma daquelas mãos, lembrou-se de sua visão.

"Dez mil."

Vaan levou o dedo sujo de sangue a boca e limpou-se como podia. Lembrava-se do terror que sentira quando viu o sangue naquela visão, quando via as palavras.

"Esquecidos." - ela pensava, enquanto ainda deixava sua Essência fluir. Se aqueles seres não se lembravam da manifestação do Divino, sentiriam através dela. Uma pequena explosão lilás aconteceu e o símbolo de sua casta brilhou com força em sua testa. Os olhos lilases, cobertos por constelações, levavam àquela sala o olhar dos céus.

-Não foram esquecidos. esqueceram-se dos céus.

Sua voz era alta e clara. Soava tão pura quantos os sinos da Cidade celestial.

- A vontade dos céus deve ser feita aqui. Ou se revelam e tragam conhecimentos ou deixem que a vontade divina seja feita, para que este ciclo acabe.

E ao pronunciar a última sílaba, Vaan deu um passo. E quando seu pé tocou o solo, uma onda de Essência expandiu-se em um círculo que começavam em sua sola e iam percorrendo o chão, subindo pelas paredes. A jovem era envolvida pela sua energia, com seus chackras carregados. Dentro daquele quadro de terror, a simples presença de Vaan era reconfortante. Era uma luz no meio de trevas. Trevas há muito esquecidas e temidas, tão tangíveis quanto o Soulsteel ali presente. Já a mulher era sua contrapartida, era o divino que erguia-se como uma estátua, um herói, contra aquela ameaça.

Esperaria para ver se alguém ou alguma coisa iria se manifestar ou ir embora. Se não houvesse nenhuma mudança, correria atrás do soldado, para o corredor a sua frente.