Above and Beyond
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(interlúdio) Yu-Shan

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Mensagem por Valkyrja Ter Jul 03 2012, 12:30

A carruagem não foi a coisa mais bizarra que Vaan tinha visto nesse pequeno período de viagem, mas mesmo assim, era digna de uma exclamação.

"Hun? Mas que po..?!"

Foi a parte da frase qua Vaan soltou antes que Archer, em sua maneira gentil, a puxasse para dentro da carruagem e xingasse algumas palavras, que Vaan sequer se deu o trabalho de tentar entender.

Oito bárbaros eram, bem, fáceis de lidar. Quase divertido. Vaan derrubou um, derrubou dois e quando deu por si, derrubara os oito. Não sem apanhar um pouco claro. Por uma vez, seu braço demoníaco quase foi acertado e ela pôde vislumbrar um futuro do qual ela não fazia parte, acabada em uma implosão que levaria seu inimigo e provavelmente Archer. Esse pequeno descuido garantiu um soco bem dado em seu estômago e um belo tapa em seu rosto. Claro, mais um bárbaro aproveitou sua recaída e deu-lhe um belo chute na perna. Ela tinha certeza que, se Archer não estivesse ocupado, iria rir antes de se dar o trabalho de ajudá-la. Já irritada, Vaan acertou seus agressores com golpes poderosos. No final, ainda bateu uma mão na outra, com o rosou vermelho por causa do tapa e um corte na outra bochecha. O lábio inferior sangrava, graças a um corte um pouco profundo.

Encostou lá e sentiu arder. Iria ficar bem feio.

"Droga."

Bem, oito bárbaros eram fáceis. Mas além desses, mais um punhado correndo em sua direção enquanto o seu companheiro fica brilhando não é boa coisa. Vaan entrou novamente em posição de luta e estava pronta para atacar, mas Archer foi mais rápido: puxou-a pela gola e jogou-lhe dentro da carruagem branca e de detalhes azuis, como a Essência do menino.

"Moleque..!"

Caiu sentada, com as costas batidas contra a estrtura firme, mas delicada, da carruagem. Nuvens a frente do veículo lembravam, vagamente, um lagarto grande de olhos vivos e belos, responsável por levá-los para onde quer que fossem. Vaan levantou-se com dificuldade por causa da movimentação um pouco ríspida, no início da partida. Apoiou-se nas bordas e ergueu um olhar irritado a Archer.

- Que jeito de levar alguém prum passeio!

Balançou a cabeça, ainda levemente tonta por causa da bebida. Seu olhar irritado passou assim que notou o imenso portão prateado e de detalhes dourados. Para cada luz que batia no mesmo, ela teve a impressão de que enxergava as cores das 5 Senhoras, mas também, a aura fazia-a lembrar-se de Fal Grey.

"Sol Invictus..."

Passou pelo corredor e novamente seus olhos se abriram mais. Sentia o vento agroa fresco bater em seu rosto. Nada de frio ou aquela sensação seca, que machucava a pele! Era um vento caloroso, envolvente e gostoso. O belo mármore conseguia ser mais branco que a neve do Norte, mais belo. O Marfim era tão interessante que parecia não haver na Criação.Limpo também. Vaan achou que poderia espelhar-se na superfície opaca. No corredor, o tempo ameno aconchegava, dava a estranha sensação de lar. Estendia-se por, pelo que Vaan pensou, horas.

"Chega de branco!"

Quando se acostumou com a visão do corredor, voltou a se impressionar com os três leões feitos do mais puro ouro. Brilhavam tanto que pareciam ter um pedaço do Sol em seus corpos. Os olhos inquisitores e pesados pareciam cair sobre eles.

Vaan sabia para onde estava indo, mas não teve coragem de dizer uma palavra durante toda a viagem. Não teria, também, coragem de dizer alguma coisa aos leões, a não ser que lhe dirigissem a palavra. Olhou Archer por algum tempo e depois desviou o olhar, mais altiva e segura. Ergueu o corpo e encarou o caminho a frente. Seu coração não deixou de palpitar um pouco mais rápido. Estava a poucos metros do local onde apenas ouviu falar, mas que sabia que era onde pertencia.

Estava, por fim, em casa.
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Mensagem por 25Slash7 Qui Jul 05 2012, 15:15

Vaan fez o que foi possível fazer, dentro de suas limitações. As manobras recém adquiridas foram utéis, tornando-a uma combatente mais competente, mais rápida. Contudo, ainda faltava letalidade, ou mesmo, MAIS velocidade, se quisesse realmente se equiparar aos demais.

O resultado daquilo, foi que Archer foi obrigado a fazer um esforço sobrenatural para manter-se concentrado enquanto era atacado pelos bárbaros. Quando seu feitiço foi completado, seu corpo estava marcado por cortes e escoriações, suas vestes manchadas com sangue.

Os quatro cavalos, feitos da mais pura essência, relincharam e, no momento seguinte, estavam no ar, deixando para trás um bando de selvagens irritados.

- Maldição! Que porra do "me defenda" você não entendeu??

Resmungou. A mão estava sobre um corte mais profundo no ombro.

- Deveria jogá-la daqui de cima ao invés de lhe levar para um passeio.

Estava irritado, claro. Balançou a cabeça em um negativo veemente e, em seguida, ergueu-se, com dificuldade. Direcionando-se aos cavalos, sussurrou alguma coisa em uma antiga língua, mas que Vaan entendeu tratar-se de uma ordem de direção. Algo como "26º portão celestial".

E avançaram a toda velocidade pelos céus da Criação. Apesar da raiva com a incapacidade de Vaan em manter os agressores longe, Archer disse algo.

- Olhe bem daqui de cima... porque quando chegarmos em Yu-Shan, você deverá ver dessa perspectiva 90% do tempo.

E depois daquele momento ele ficou quieto pelo resto da viagem. Com as próprias roupas, rasgou pedaços e fez bandagens, adormecendo em um canto em seguida pelo restante da viagem.

Lá de cima a imagem era a de um branco infinito, manchado por sombras de uma guerra que trazia promessas de que deveria piorar nos próximos tempo. Como se estivesse ligada ao destino de todas aquelas pessoas, Vaan sentia como a morte os perscrutava e como suas linhas seriam cortadas diante da força incontrolável de Fal Grey.

Após cerca de 4 horas, Archer despertou, colocou-se de pé e, com cuidado, posicionou-se sobre o dorso de um dos cavalos mais a frente. Ele não precisou dizer "se segure" para Vaan, pois ela sabia que ele não estava ali por mero exibicionismo.

- Tantos sinos quebram em correntes... tantos sinos, se partem no céu...

Suas mãos eram envolvidas por essência, o símbolo em sua testa se tornava mais forte, brilhante e fazia um clarão no céu.

- Os sinos dobram e os portões se abrem.

Os cavalos relincharam e sua velocidade foi aumentada, passando a descer em um ângulo de 90 graus a toda velocidade.

Vaan via a imagem um portão, localizado no topo de uma montanha. Era como uma daquelas estruturas orientais, com preces presas ao seu redor.

- Os sinos dobram e os portões se abrem!!

E gritou mais alto e, quando o fez, Vaan sentiu uma pancada. Seu corpo havia se tornado translucido, como se luzes o atravessassem, assim como Archer. Eles estavam, imateriais.

Avançaram contra o portal e então...

A próxima sensação foi a de queda. Archer e Vaan rolaram pelo chão de um estreito corredor bem iluminado e que parecia ser feito de um marfim, meio opaco. Possuia cerca de 30 metros de comprimento e 50 de largura. Ao final dele, três enormes leões feito de ouro e adamantium encaravam, com seus olhos de jade púrpura, a chegada dos visitantes.

- Porra.

Resmungou de dor e, como se sentisse que aquilo fosse culpa de Vaan, deu um soco em seu ombro, como se achasse que fosse compensar.

Ergueu-se com dificuldade e começou a caminhar. Imaginava que a parte do "Fique perto de mim" estaria implicita.

- Bom dia, jovem... Lança Celestial? Há 497 dias, 16 horas desde que você atravessou esse portal... seus superiores na Agência do Destino disseram que eu deveria arrancar o seu braço antes de permitir que entre.

- Bla bla bla. Estou ferido e trouxe uma Escolhida comigo. Será que podemos pular a parte em que eu te mostro as minhas credenciais e lhe peço para abrir o portal?


-Mmm.... não.

- Cacete.

- Esse linguajar não é adequado a um agente celestial.

- Dá para abrir a porta?

- Antes ou depois de eu arrancar o seu braço, conforme orientação de seus superiores?

- Hah Hah... - Archer levou a mão para dentro de suas vestes e puxou uma espécie de cartão feito de algum material cristalino, prismático. Ele o carregou com uma pequena dose de sua essência - Senhor Leão Celestial, Eu, A Lança Que Despedaça o Céu Primordial, Escolhido das Senhoras do Destino, requeiro que permita a minha entrada e a de minha acompanhante.

- Seja bem vindo, Lança Que Despedaça o Céu Primordial, eu lhe aconselho a visitar a sua residência com brevidade, há relatos de que ela foi invadida por deuses menores. Também lhe aconselho a ir logo ao seu escritório, teu serviço burocrático precisa ser colocado em dia. Lembre-se que sua acompanhante é sua responsabilidade, até que ela tenha suas próprias credenciais.

Archer deu de ombros e começou a caminhar. Os portões se abriram, diante do comando de voz dos outros dois leões e o som de sinos foi ouvido.

- Droga de dia...

E passaram pelo portão e chegaram, finalmente, em Yu Shan, lar dos deuses e dos Escolhidos Celestiais.

Vaan via uma multidão. Deuses andavam pelas ruas, alguns eram semelhantes a mortais, outros eram meramente criaturas de esplendor e glória. O céu era limpo, azul, com a imagem resplandecente do sol em sua magnitude.

As construções assemelhavam-se a arquitetura oriental, mas as paredes eram, ocasionalmente, feita de materiais menos modestos, como ouro e prata. O chão era cravado em jade, o que, pelas luzes que caiam sobre ele, as vezes criava pequenas distorções de luz que, pouco a pouco, sua vista se acostumaria.

- Chegamos.
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Mensagem por Valkyrja Qui Jul 05 2012, 16:32

Vaan estava irritada. Aliás, estava irritada para caralho! Jogada dentro da carruagem e ainda ouvindo aquele bruto gritar fez sua Essência fervilhar, assim como o seu sangue. Seus olhos se abriram e ela fez força para se levantar. Afinal, como ele, ainda estava ferida e suas costelas começaram a doer novamente. Maldita merda de hora que foi deixada para trás. Pela primeira vez, sentiu raiva de Iron. Se ele não tivesse largado ela, ela estaria bem melhor agora!

Deixou Archer falando sozinho, mas seus olhos ardiam de frustação e raiva. Naquele segundo, a memória da última noite passou por sua cabeça. Ela afastou rapidamente aquele pensamento. Onde raios ela estava com a cabeça ao achá-lo engraçado?

revirou seus olhos e olhou para o Norte, que deixava para trás.

Olhava pelas bordas do veículo. Com o olhar perdido e carregado de tristeza, ela viu os tons de cinza colorirem o branco antes imaculado. Vaan passou seus olhos azuis por toda aquela imensidão e depois desviou-se daquele cenário. Com dificuldade para ficar em pé, ela lentamente sentou-se, apioada no lado oposto a Archer. Ela não levantou os olhos pra ele em nenhum momento. Pensava no que viria agora e o que poderia fazer. Sentiu vontade de xingar, porque sentia-se fraca demais para sequer mudar seu próprio destino.

Quando Archer levantou-se, já estava de pé. Amassou os olhos quando ouviu a movimentação de Archer, vendo apenas de relance o que o garoto fazia. Sem falar nada, Vaan segurou firme na carruagem e mordeu o interior do lábio inferior. Isso estava ficando interessante.

A velocidade aumentou e Vaan esticou seu pescoço para conseguir ver o belo portão. Seus olhos foram se arregalando a medida em que se aproximavam da estrtura firme e oriental. Archer falava, mas o portão não se abria. Falava e nada. Vaan passou os olhos por ele, depois o portão. Archer sabia o que estava fazendo, claro....Ele, portão. Essa porra não ia abrir? Olhos em Archer. Olhos no.... PORTÃO!

Antes de dizer qualquer coisa, sentiu o baque. Fechou seus olhos fortemente e ficou assim por um tempo. Suas costelas e cortes doeram e antes que tivesse a sensação de queda, sabia que estava agora em outro plano, imaterial. Sumiram do mundo dos "vivos" e Vaan chegou até a sentir-se mais leve.

A queda foi rápida e com ela, a recordação do acampamento dos bárbaros. Lembrou-se de sua tentativa de subir a muralha e sua falha. Como doía aquela merda toda! Sentiu gosto de sangue na boca e colocou o dedo nos lábios. Como ardiam!

Levantou-se com dificuldade e então o bárbaro - tem certeza que ele não está com Fal Grey? - Archer a socou. Vaan ergueu seu olhar para ele, furiosa. Estava prestes a pular em seu pescoço quando o leão falou. Logo Archer deixou de ser o foco e ela prestava atenção no que os leões diziam, com cara de boba. Um sorriso sinistro brotou em seus lábios, apesar de odiar aquela burocracia toda. Eles sabiam quem ele era!

"Hehehe! Poderiam arrancar os dois!"

Ela arqueou uma sobrancelha.

"Peraí..Responsável por mim?!"

Quando achou que estava livre de Archer, as coisas pareciam ter ficado piores. Imaginava quanto tempo demoraria para conseguir uma credencial. Marchava ao lado dele, visivelmente irritada. Tão irritada quanto ele. Tão irritada que falou junto com o rapaz:

-Bosta de dia...

E adentrou Yu-Shan.

Primeiro, veio aquele Sol diretamente em seus olhos. Vaan fechou os olhos e piscou algumas vezes. Levou uma mão até a frente de seu rosto e então...

-Ow..!- sussurrou.

Tudo era belo, era limpo, era quente! O sol refletia no belo chão de jade e Vaan olhou para o chão. Estava suja, machucada e com umas olheiras feias, mas sorria quando se viu. Ela ergueu os olhos e não sabia para onde olhar. Um sorriso estava sempre em seus lábios, entregue às maravilhas que via. Caminhou, mas não longe de seu querido amigo Archer, para uma das casas. As paredes de ouro brilhavam que chegava a machucar os olhos castanhos da menina. Outro prédio de prata e outro feito de rubis. Deu alguns passos para frente e esbarrou-se em um homem-leão, vestido em uma armadura de samurai. Vaan ergueu seus olhos para ele e este a encarou, soltando um "Hunf". A menina sorriu, sem graça, quando pediu desculpas.

Eram tantas pessoas diferentes! Tantos como ela, tantos deuses e pequenos deuses! Ela olhava tudo com uma curiosidade que chegava a irritar. Ia caminhando com Archer, mas sequer lembrava que ele estava ali. Andava olhando sua casa, e, discretamente, vendo se encontrava um rosto em particular.
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Mensagem por 25Slash7 Qui Jul 05 2012, 18:16

Quando ela trombou em um dos deuses, Archer a segurou pelo braço e puxou em sua direção, para que caminhasse mais próximo dele.

- Acorde. Esses deuses sentem o cheiro de fraqueza.

E continuaram a caminhar. Aparentemente, estavam em uma zona residencial, com diversas casas e alguns pouquíssimos lugares de entretenimento, onde deuses se acomodavam, bebiam e comiam, falando sobre qualquer banalidade que julgassem importante.

- Hey, preste atenção que eu não vou repetir isso novamente e se você não se lembrar disso, caso perguntem, irão te tratar como lixo. Deuses são espíritos e são divididos em duas categorias: Celestiais e Terrestres. Os Deuses Celestials representam o abstrato, como "Amor" "òdio", "Guerra" ou a "Alegria de trabalhar" ou "A vontade de arrancar o braço daquele que me salvou diversas vezes".Os deuses terrestres representam as facetas do mundo físico, como uma cidade ou uma floresta. Uma árvore milenar, uma cachoeira gigantesta, essas coisas. São deuses de segunda classe, normalmente com inteligência abaixo da média.

Olhou feio para Vaan. Então continuou.

- Quando os mortais utilizam de suas magias, para, digamos, derreter o barro, ele nada mais está fazendo do que o contato entre o deus do tijolo e o deus do fogo. Aquele tilojo, aquele fogo. Quando aquele fogo cessar de existir, o seu deus também.

- Tudo isso é parte da Burocracia Celestial. TEORICAMENTE, os deusees maiores, das Agências, dão ordens aos menores. Os elementais asseguram o comportamento apropriado do tempo e de outros fenômenos. Os mortais rezam, adoram e isso dá sustância aos deuses.

E então ele parou a frente de uma cerca baixa de jade, com um pequeno portão em seu centro.

- Teoricamente, é assim que deveria funcionar.

E abriu o portão, andaram por um pequeno jardim de grama baixa e bem cortada, por sobre um caminho de pedra, e então entraram pela porta de madeira.

Dentro da casa, o salão principal era um enorme espaço aberto, com algo em torno de 60 metros quadrados. No centro, havia um espaço para uma fogueira e uma chaleira ali montada. Archer retirou os sapatos e esperou que Vaan fizesse o mesmo.

- Senhor Archer, quanto tempo!!

Um guaxinim do tamanho de uma criança, andando sobre duas patas e vestindo um kimono cinza, aproximou-se.

- Disseram que a casa foi invadida.

- Ah, Senhor Archer, Senhor Archer, não se preocupe, não, não. Ninguém levou nada de valor. Alguns deuses pequenos... sim, coisinhas, fizeram uma pequena revolta, justo no momento que o Deus das Guerras no Sul estava passando por aqui. Sim, foi um belo, um belíssimo espetáculo... apesar de ter ficado sem dormir algumas noites.

A criaturinha coçou a cabeça com suas pequenas garras e então se apressou em pegar os sapatos de Archer, virou-se para Vaan.

- Kirin, essa é Vaan, uma Escolhida. Vaan, esse é Kirin, meu servo.

- É um prazer conhecê-la, Senhora Vaan. - o Guaxinim estendeu a mão - A senhora gostaria de uma bebida? Seu corpo parece debilitado, talvez precise de comida. E roupas, suas roupas estão horríveis, senhora. Eu cuidarei de Mestre Archer primeiro, mas poderei tratá-la em seguida, sim, poderei. Acho que precisa, não precisa?

Archer fez um sinal de negativo.

- Apenas me traga bandagens, Kirin e em seguida cuide dela. Arranje roupas decentes, ela deverá se apresentar a Agência do Destino.

Os olhinhos negros piscaram e o guaxinim fez que sim, em seguida segurando na mão de Vaan e começando a puxá-la.

- Um banho quente? O que gosta de comer? Eu gosto muito de queijos. Você gosta de queijos? São tão saborosos. Mas eu gosto de queijos da Criação, os de Yu Shan parecem iguais ou extremamente deliciosos, mas irreais. Você não acha? Eu posso te arranjar queijos. E conheço o amigo de um amigo que sabe como trazer queijos, queijos do Leste! Mm... me dá fome só de pensar.

E a criatura falaria e falaria e falaria. Mas providenciaria roupas decentes (para não dizer suntuosas), um banquete para quatro pessoas (ainda que Vaan comesse sozinha), um banho quente e uma massagem terapeutica, que aliviaria a dor e a ajudaria a recuperar sua essência.

Ainda entregaria um pequeno saco com biscoitos, como presente de recepção.
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Mensagem por Valkyrja Qui Jul 05 2012, 19:11

Vaan não tirou os olhos do homem-leão mesmo quando ele já estava mais a frente, abraçado agora a uma mulher de kimono de flores.Ela deu um leve riso. Sentia-se quase renovada, feliz por ver pessoas novas, longe do frio e da guerra do Norte. Ela sequer reclamou quando Archer a puxou pelo braço, ainda com o olhar desviado. A sua voz foi baixa e pausada.

-Você já viu algo assim tão legal? - dizia ainda maravilhada. Quando seus olhos verdes encontraram os de Archer, ela pareceu acordar. Soltou-se

-"Mas é claro, sua estúpida!"- e fez uma careta, imitando o rapaz, que deveria morar ali fazia um bom tempo e achava extremamente normal um homem-leão andar tranquilamente por aí, abraçando a mulher dos outros.

Enquanto Archer falava, Vaan andava tranquilamente ao lado do homem. Ele falava, falava, falava. "Deus maiores e menores...Representam coisas abstratas...Bla bla bla.." A voz dele sumia no meio de toda aquela conversa. Alguns rugiam, outros gargalhavam alto e bebiam um líquido dourado. O sorriso de Vaan não saía de seu rosto e seus olhos exprimiam toda a surpresa que ela tinha. Eram tantas coisas novas! Como queria ter ido lá mais cedo.

-Ah, eles têm um deus pra isso? Que tipo de oferendas ele aceita? - referia-se ao deus da "vontade de arrancar o braço...". Ela deu um leve sorriso para Arhcer, e depois desviou o olhar. Isso mostrava que, mesmo parecendo avoada, prestando atenção ao seu redor, Vaan ouvira o que ele disse. Sequer deu atenção pro olhar feio dele, olhando agora atentamente um belo rapaz que ela teve certeza ser o deus do amor.

-Hmm..Entendi. Então, os deuses maiores nem sempre ficam nas Agências e fazem seu trabalho?

Agora olhou, espantada, para uma criatura metade mulher, metade cobra. As escamas cobriam sua pele branca e delicada. Tinha um olhar penetrante. Vaan desviou rapidamente o olhar.

- Hmm..Imagino que quando alguém como nós - referia-se aos Escolhidos em geral, Solares, Lunares, etc. - fazemos algo, pode bagunçar tudo..

Franziu o cenho, vendo a casinha simpática em que pararam na frente.

-Digo, se Fal Grey resolver usar toda sua energia, pode dar uma bagunça danada e.. - olhou a casa. - É aqui que você mora?

Seguiu Archer pelo jardinzinho. Não deixou de ficar impressionada com o cuidado do local. Imaginava que ele morasse em um estábulo ou coisa parecida. Deu outro sorriso. Aquela casa não combinava nada com ele. Era bonitinha, aconchegante e...

Tinha um guaxinim!

Os olhinhos de Vaan piscaram algumas vezes, tentando ver se aquilo era real ou não. Ela não deixou de sorrir como uma criança, ao ver aquele animalzinho tão simpático e fofo andar sobre duas patinhas. O kimono lhe deixava extremamente charmoso. Ela, claro, tirou os sapatos, mas não desviou os olhos da pequena criatura.

-Ow, oi! - ela estendeu sua mão e pegou delicadamente a patinha do guaxinim entre seus dedos. Ela não falou nada. Deixou que o pequeno Kirin falasse. Ele a divertia, era um ser simpático no meio de tantos outros irritados e cruéis.

-Sério que o Deus das Guerras no Sul esteve aqui? Vocês sempre recebem esse tipo de visita?-riu.- Claro, cuide dele primeiro.

Ela deu licença para o animal, ficando ao lado de ambos. Olhou em volta, discretamente, pela casa de Archer.

"Prum cavalo, está bom até..." - franziu de leve a testa quando lembrou-se do soco que levara. Ela, porém, voltou a sorrir quando Kirin falou com ela. Ela realmente havia gostado dele.

-Hun? Agência? Que agência?

Foi puxada pelo guaxinim antes de ter a resposta. Ouvia ele dizer sobre os queijos e segurou o riso.

-Claro, pode ser queijo, Kirin! Na verdade, eu nasci no leste! Se você quer, nós podemos comer queijo! Mas eu queria, hmmm, algo doce também? Você falando de comida me deu fome também! Vamos comer de tudo! E um banho quente! Sim, pra eu me esquecer nele! Devo estar fedorenta, né?

O guaxinim falava muito. Mas, bem...Vaan gostava de conversar. Ela deixou o guaxinim guia-la pela casa, mas não deixou nada passar despercebido.

Ficou um bom tempo imersa na banheira. Brincava com as bolhas de espuma e mergulhou por inteira na água por diversas vezes. Antes de vestir-se para ir a tal Agência, Vaan comeu. E comeu muito da comida que o gentil guaxinim a servia. Ela mesma dava algumas coisas para ele e insistia que o mesmo comesse quanto queijo quisesse.

Nunca se sentiu tão bem quanto a hora da massagem. Não era tão ruim assim morar em Yu-Shan. Sentia que poderia esquecer todos os seus problemas e ficar lá, no paraíso. Seu olhar ficou instantaneamente mais pesado ao lembrar-se da Guerra no Norte e do Legado.

Por fim, foi finalmente arrumar-se para se apresentar na Agência do Destino. Quanto viu a roupa que Kirin entrgeou-lhe, ela arqueou uma sobrancelha.

"Hmmm..."

Vaan vestia uma espécie de kimono branco com pequenos detalhes em um branco que só revelava as formas de pequenas sakuras quando confrontadas pela luz, delicadas e discretas. O kimono deixava seus ombros pequenos e s belas saboneteiras a mostra. As lapelas eram de um vermelho muito claro, como as bochechas da menina. Em sua cintura, um belo tecido vermelho intenso, com um tecido central, mais fino, dourado. Os tecidos marcavam bem a cintura fina da menina, que era sempre oculta pelas roupas de guerra. Atrás, onde o laço era feito, podia-se ver algumas flores de crisântemo, na mesma cor da lapela. Em seus pés, sandálias delicadas e sem nenhum tipo de adorno, de um dourado fraco. Perto da bainha do kimono, havia dois cortes laterais, para facilitar a mobilidade.

Os cabelos curtos tinham uma presilha de pedras de jade. Na sua orelha o brinco que sempre carregava ainda estava lá: a gota azulada, pendurada em sua orelha, com uma corrente que prendia no trago da orelha. Com os lábios naturalmente vermelhos e as bochechas rosadas, Kirin achou que não precisava de maquiagem. Ela apenas disfarçou os cortes e os machucados apenas. Em seu braço demoníaco, enfaixou um pano branco, para disfarçar o ombro.

Vaan estava um pouco sem graça. Sequer achava que ia conseguir andar com aquilo tudo. Ela olhou o guaxinim e deu um sorriso sem graça quando comeu um biscoito que ele lhe dera.

-Então?
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Mensagem por 25Slash7 Qui Jul 05 2012, 22:30

De certa forma, Archer havia deixado no ar que Yu-Shan era um lugar cuja corrupção era mais presente do que deveria. Não queria falar aquilo alto. Não ali, naquele momento, onde sequer sabia se ainda havia alguém o vigiando.

- Fal Grey não tem o poder necessário para tomar o céu.

Já na casa, Vaan foi tratada com toda a hospitalidade possível, principalmente em conta por Kirin, que a servia como se estivesse servindo ao próprio Archer. A criaturinha falava incessantemente, contava histórias de Yu Shan e de seus tempos como um deus menor que vivia na periferia da cidade mas que acabou sendo recebido pelo Escolhido e Maria.

- Por falar nisso. Onde ela está? Você a viu?

Ele não daria tempo para Vaan responder, começando a contar histórias de como ela era uma boa sacerdote, ainda que não fosse uma Escolhida. Archer acreditava que, eventualmente, ela Exaltaria, assim como ele.

- A Agência do Destino! Teus futuros chefes. Os Escolhidos são subordinados diretamente a agência do destino. Você sabe. Destino. Siderais. Essas coisinhas todas aí. Quer mais um pedaço de queijo? Nham.

E então ele a levou para um aposento amplo, uma espécie de armário gigante. Haviam roupas de todos os tipos penduradas em cabides de madeira.

- Aqui! Aqui! São os destinos do Mestre. Olhe... - e então ele apontou para uma roupa de tom avermelhado, envolvendo uma armadura de ouro - Uma vez o Mestre assumiu a... como é... ah sim, assumiu o papel de um General no Oeste. Aah, foi engraçadissimo. Acharam que ele era um deus! Pode acreditar?? Hahaha. Aqui... olhe, olhe - roupas simples, feita de pano, sem qualquer cor - Ele foi o cozinheiro de um Rei dos Mil Reinos e preparou uma refeição de matar! Hahaha Quantos destinos, quantos destinos! Mas vamos, suas roupas, não é? Suas roupas.

Ele moldou a roupa de Vaan utilizando um liquido translucido, que, pouco a pouco, foi se transformando no vestuário. Quando vestiu, Vaan soube que aquele material reproduzia o que havia de melhor em toda a Criação.

- Ambrosia. Legal, não é?!

E esperou que ela se vestisse. Quando, finalmente, estava pronta, o guaxinim sorriu. Seus olhos negros piscando e ele deu alguns saltos envolta dela.

- Está linda! Linda! Mestre Archer vai adorar! Você está se vestindo para ele, não é?!

E deu mais alguns pulos a sua volta.

- Kirin, está na hora.

- Aqui senhor! Venha, venha, venha!

E Archer entrou. Havia se lavado, trocado as roupas por uma que não estivesse rasgada e com cheiro de sangue e suor, o que lhe dava uma aparência mais jovem, como de fato ele realmente o era. O rapaz sorriu, cruzou os braços e a olhou:

- Nada mal. Trocou de destino e não me avisou?
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por Valkyrja Qui Jul 05 2012, 23:21

Vaan logo calou-se. Entendeu o que Archer estava tentando passar. Por mais belo que fosse o paraíso que só ouvira falar, lembrou-se que em todo lugar que havia muito poder e muita gente interessada nele, algo podre sempre acontecia. E ninguém parecia saber de nada. Todos tinham alguma aliança sinistra, algo que não se revelava. Ela se perguntou se Archer também tinha.

Deveria segurar sua língua e raciocinar bem o que falar.

Na casa, por um bom tempo, divertiu-se com Kirin. Falava, brincava e aproveitava a companhia do pequeno guaxinim. Fazia tempo que ela não tinha, simplesmente, alguém para conversar, sem planos de guerra, um Norte para salvar ou a necessidade de fazer algo heroico.

Isso durou até ouvir falar de Maria. Quando Kirin falou da menina, Vaan perdeu todo brilho no olhar e parou de sorrir. A morte da jovem sacerdotisa encheu-lhe a mente. O grito de socorro da garota ecoou no quarto. Vaan abaixou o olhar e por pouco não conseguiu falar alguma coisa ou tentar disfarçar que não estava a vontade. Kirin continuou falando sobre ela. Vaan sentia, com cada palavra, que o peso em seus ombros aumentava. Olhou em volta. Olhou o quarto em que fora levada. Estava limpa e bem alimentada. Nem dores sentia mais.

Mas Maria...

"Maria está...Kirin, eu..."

De repente, perdeu toda a vontade de sequer vestir-se para ir nessa tal Agência do Destino. Bem, por incrível que pareça, não achou Archer um sujeito tão rude quanto pensava que ele era. Afinal, ela havia falhado em salvar sua...Havia falhado em salvar Maria. Ele deveria tê-la deixado morrer na queda de Pedra que Voa. Era o que merecia, mas mesmo assim, ele...

Ergueu os olhos marejados para Kirin e forçou-se a sorrir. Logo afastou as lágrimas. Queria ir embora dali, sair de uma vez de Yu-Shan e não forçar nem a simpática criaturinha e nem o não tão simpático Archer a suportar sua presença, um lembrete da morte prematura de Maria.

Quase ergueu-se e foi embora, mas o pequeno Kirin era tão amável. E isso doía tanto...

Um sorriso fraco surgiu no rosto de Vaan ao ver todos os destinos que Kirin mostrava. Quando viu a armadura e ouviu o riso do criado, ela logo emendou:

-Sim..Deus dos cabeças de vento. - E sorriu para Kirin um sorriso meigo.

-Ou dos cabeças duras. Você escolhe. - piscou para o jovem.

O mínimo que podia fazer pelo guaxinim era deixá-lo falar,coisa que Vaan, com sua paciência, fazia muito bem. Ela ria de suas conversas, dava palpites e mostrava-se sempre interessada.

-Não imagino ele cozinhando. Aposto que deve ter matado todo mundo mesmo.

Quando Kirin falou sobre sua roupa, Vaan imaginou que ele fosse pegar alguma coisa de Maria, o que ela jamais iria aceitar. Aquilo pesava demais em seu coração e consciência. Arqueou as sobrancelhas ao ver o líquido. Aproximou-se lentamente, com os olhos vidrados. Um sorriso legítimo aparecia em seus lábios, por pura surpresa. Não imaginava que um simples líquido era capaz de moldar uma vestimenta, um destino, inteira.

-Sim, muuuito legal. - falou baixo, mais para si do que para o guaxinim.

Não demorou muito para se vestir. Quando Kirin deu saltos ao redor dela, Vaan não deixou de ficar com o rosto mais vermelho. Desviou o olhar de Kirin, franzindo um pouco a testa.

-Ora, nem tanto Kirin! - tentava parecer natural diante dos elogios, mas não se lembrava de receber tantos. Ainda mais tão sinceros.

-Hun?! - Olhou o guaxinim. Seu rosto estava vermelho como um tomate. De onde ele havia tirado aquela história de "vestindo para ele"?

Ia dizer alguma coisa, mas ouviu a voz de Archer. Vaan olhou para a porta e fez o máximo para parecer confortável naquela situação. Nem sequer um sorriso direito ela conseguiu dar. As bochechas ainda estavam m pouco vermelhas.

-Digo o mesmo pra você.

Escondeu as mãos dentro das mangas longos do kimono. Era uma bonequinha.

-Não tantos quanto você, general do Oeste. Ou seria cozinheiro do rei?

E deu um sorriso. Era o mínimo que ele merecia.

"Maria...Será que você me perdoa?" - foi o que se passou na cabeça dela, ao ver Archer oferecer sua hospitalidade.

Baixou os olhos e os levantou novamente, em um dourado profundo.

-Hm...Então vai ser uma entrevista de trabalho ou algo assim?
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por 25Slash7 Sex Jul 06 2012, 11:34

Kirin riu da forma como Vaan falava e fez para a garota um sinal de silêncio, flexionando um pouco os joelhos e baixando um pouco a própria estatura, como se "falar baixo" significasse "abaixar para falar".

- Não deixe o Mestre ouvi-la!! Seu humor é terrível quando precisa ir até a Agência.

E riu novamente, descontraído.

Aparentemente, ele não percebeu o peso dos sentimentos que cairam sobre a garota. Apenas falava e falava sobre Maria, com naturalidade.

E então "teceu" a roupa, utilizando apenas da Ambrosia, e nada mais. Demonstrou felicidade e encheu Vaan de elogios. Archer entrou e trocaram as provocações, mas, diante do sorriso de Vaan, parece que aquelas foram um pouco mais "leves", descontraídas.

- É. Meu destino é o do cozinheiro que vai ter os braços arrancados. - olhou feio para Kirin - Por que diabos você escolhe sempre as piores histórias para contar?

O guaxinim fez uma carinha meio triste.

- Porque são engraçadas, mestre, são sim, são!

O Escolhido balançou a cabeça em negativo mais uma vez e então virou-se para Vaan. Desta vez, seu olhar foi mais vagaroso, como se prestasse atenção aos detalhes e aos traços dela. Não conseguiu, ou não quis, esconder um certo ar de surpresa, uma surpresa agradável.

Pigarreou.

- Mais ou menos. Eu sou um Escolhido de Jupiter, a Senhora dos Segredos. Um Oráculo. Poderia ter me entregado ao Conflito, à Alegria, ao Fim, às Jornadas... mas escolhi os Segredos. A Agência do Destino é dividida nestas cinco divisões. Você poderá escolher qualquer uma que se sentir a vontade.

Ele deu as costas para a garota e começou a caminhar em direção a saída.

- A menos que o Destino tenha algum plano para você.

Em alguns minutos eles já haviam ultrapassado o jardim. Kirin deu muitos tchaus e disse para voltarem logo, porque prepararia um jantar cheio de queijos.

- Detesto queijos. - Archer resmungou.

Do lado de fora, Yu Shan era uma cidade de sonhos, imensa em sua imagem celestial. A divina cidade celestial, a maior metrópole que faz com que todas as outras cidades se curvem perante sua grandeza.

Em seu centro, o Domo de Jade dos Prazeres, onde os mais elevados dos deuses, os Incarnas, brincavam com seus joguinhos enquanto toda a Criação mergulhava no caos. Um alto e massivo muro de adamantium cerca todos os limites, elevando-se até 30 metros e quebrando naquele céu infindo.

Em suas extremidades, florestas vastas e guardadas levantavam-se e davam origem às peras da imortalidade.

Yu Shan era imensa. Como um continente.Suas cores mudavam de acordo com a luz que a banhava, sendo dourada pelo Sol Inconquistado, prateada por Luna. Quando as Senhoras erguiam-se ao céu, a cidade ganhava cores próprias.

Era uma massa complexa de casas, mansões, complexos, torres, fortes, quiosques, lojas, mercados, entretenimentos, observatórios... tudo, absolutamente tudo, poderia ali ser encontrado.

- Fique por perto. Não quero que seja sequestrada por algum deus luxurioso a fim de aproveitar de você nesses trajes. Aliás, os cortes na perna ficaram ótimos.

Caminharam mais um pouco e archer parou a frente de uma pequena barraca, onde um humanoíde de quatro braços servia alguma espécie de macarrão esbranquiçado e aguado. Archer entregou uma estranha moeda para a criatura e pegou dois daquele negócio, entregou um para Vaan.

- Você sabe que vai perder parte da sua liberdade, não é? Que o chamado do teu destino vai lhe levar para passar a influenciar, diretamente, em toda a criação, não sabe?

Com Hashis, comia o macarrão com voracidade. Voltou a falar, de boca cheia agora.

- Faz anos que estive aqui e não sei como as divisões reagiram à ascenção de Fal Grey. Podemos, até, ter a missão de ajudá-lo.
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Mensagem por Valkyrja Sex Jul 06 2012, 12:34

-E ele fica de bom humor em alguma hora?

Respondeu ao guaxinim quando ele lhe avisou do humor de seu mestre. Era até inimaginável Archer de bom humor. Vaan conhecia muito bem o humor horrível de Archer e não conseguia ver Archer mais calmo, um Archer que sorriria e brincasse. Isso não existia!

Vaan ria dos saltinhos, ficava vermelha quando Kirin a elogiava e ela mesma olhava algumas roupas - destinos - de Archer. Tentava afastar aquele sentimento pesado de culpa. Ela mal conseguiria andar se pensasse em Maria um pouco mais. Porém, ela ainda permanecia em sua cosnciência. A imagem da menina ficou menor, mas Vaan sabia que logo ela voltaria a assombrá-la.

-Bem, pelo menos você não vai conseguir matar ninguém mais com suas habilidades culinárias.

Ela riu de leve.

-Poxa, não briga com ele! Ele só queria me distrair! - ela olhou para o pequeno guaxinim e seu coraçãozinho se apertou ao vê-lo com aquela carinha triste.

Ajoelhou-se para ficar na altura dos olhos pretos e fofos do animalzinho.

-Não fique assim, Kirin. As histórias foram engraçadas. Depois você me conta mais, tá? E eu te conto algumas também.

Levantou-se e olhou Archer. Parecia já ter se acostumado com aquela quantidade de tecidos que, por incrível que pareça, era leve. Ela ia dizer alguma outra coisa, mas então pegou Archer olhando para ela e...Bem, não sabia muito bem como se comportar diante de um olhar que claramente era um elogio. Ela olhou para o lado e tentou fingir que não havia notado o jeito que ele a olhava, mas, claro, suas bochechas coraram.

Seguiu o homem até a saída. O olhava enquanto ele explicava sobre sua vocação. Sentia Kirin seguindo ambos, feliz por poder servir seu mestre e a nova convidada. Vaan sentia-o em seus calcanhares, com passinhos leves e infantis.

-Hmmm... Segredos? Isso sim é novidade. - fez o comentário mais para ela que para Archer. Ele, comc erteza, tinha o temperamento da própria Marte. Ela olhou as costas do rapaz e com a voz um pouco receosa, perguntou. - Eles vão realmente tentar arrancar seus braços?

Tinha um tom, beeeeeeeem longe, de preocupação. Quando passaram do jardim, Vaan virou-se e deu um tchau amistoso para Kirin, com um belo sorriso em seu rosto. Sorriu quando ouviu Archer reclamar. Revirou seus olhos, mas não estava nervosa ou irritada. Apenas achava engraçado o comportamento rabugento dele.

Andava ainda com o olhar perdido no meio de tantas pessoas, criaturas e deuses diferentes. Pequenos deuses humanóides passavam a sua frente e ela quase parou para ver como a família gritava alegremente. Os olhos pareciam não ter se acostumado com as belezas de Yu-Shan e Vaan ainda tinha o ímpeto de parar e observar cada estrutura. As luzes dos Astros era bela de se olhar e deixava ela estranhamente traquila. O Domo de Jade, principalmente, foi o que chamou atenção. Os muros altos de adamantium, as florestas...Ela teve que parar por um segundo e só voltou a andar quando ouviu a voz mandona de Archer.

Os mercadores anunciavam suas mercadorias nas portas das lojas. Algumas grandes e luxuosas, outras pequenas e intimistas. Algumas vezes, dois ou três comerciantes entravam em uma discussão calorosa, mas nada abalou a alegria da menina. Era quase um espetáculo. Ergueu seus olhos para Archer quando ouviu sua voz e no meio de tanta barulheira, aproximou-se para ouvir o que ele dizia.

-Deus luxurioso? As pessoas roubam outras aqui, tão abertamente? - fez uma cara de incrédula, balançando a cabeça negativamente. Logo se aproximou dele.

E novamente um elogio. E Vaan não conseguia se acostumar com aquilo. Nunca sabia muito bem o que dizer. Mal conseguia pensar em alguma coisa para dizer. Desviou o olhar para frente e o máximo que conseguiu dizer foi:

-Oh, é..Err..Obrigada.

Afinal, estava sempre acostumada com "Estúpida", "Imbecil", etc. Sorriu. E baixou seu rosto, tímida.

-Aliás, essas roupas são como disfarces do que somos de verdade? Você disse que eu troquei de destino.

Diante da carrocinha, tinha os olhos curiosos sobre o humanóide. Nem sequer se deu o trabalho de disfarçar sua falta de costume com aquelas criatuars bizarras. Só que, ao invés de cara de espanto, tinha um sorriso simpático. Viu a transação calada, agradeceu o gesto gentil de Archer e serviu-se do macarrão. Seu impulso era comer como Archer fazia, mas como estava arrumada e suas roupas não condiziam com hábitos daquele estilo, ela conteve-se.

-Perder liberdade? - disse quando acabou de mastigar.

Serviu-se de mais.

-Imagino que, quando eu tiver um emprego, eu vou ter que seguir algumas regrinhas não?

O olhou.

-Temos algumas responsabilidades na Criação, não?

Ao ouvir sobre Fal Grey, Vaan deu um sorriso cansado.

-Bem, meus "amigos" iriam me odiar, agora sem precisar esconder. - referia-se ao Legado.

-Somos obrigados a obedecer sempre? Algo me diz que você não obedece.

Terminou de comer.

-Aliás, obrigada.

Não completou o qu queria realmente dizer. Queria agradecer por tudo, mas faltou-lhe coragem. O obrigada acabou sendo para apenas o macarrão.



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Mensagem por 25Slash7 Sex Jul 06 2012, 16:40

Archer bufou quando Vaan tentou defender Kirin. Definitivamente, era a última coisa que precisava para começar o seu dia. De qualquer forma, apenas ficou quieto, sem responder.

Kirin, por sua vez, parecia bem contente com a situação. Afinal, havia ganhado uma aliada.

Quando ela perguntou sobre a integridade dos braços dele, Archer parou por um momento e virou-se, para encará-la com um sorriso zombeteiro:

- Está preocupada comigo?

E voltou a caminhar.

- Tenho certeza que gostariam.

E continuaram sua caminhada pelas ruas de Yu-Shan. Cada vez que Vaan parava por mais tempo do que deveria, era puxada por Archer para que seguisse o seu caminho.

- Deuses são ambiciosos. Talvez, no final das contas, os mortais foram feitos a sua imagem, não é?

Havia um certo tom de insatisfação em sua voz. Como se não gostasse de uma situação como aquela.

Ele nada disse quanto a reação ao elogio dela, demonstrando, ao menos externamente, indiferença. Continuou a explicação.

- Você já se esqueceu de quando lhe mostrei o Tear do Destino? Você criou um destino para você lá e pode vesti-lo, como uma roupa. Eu vesti aqueles destinos. Fui cozinho, fui um senhor da guerra. E a Criação lembrará de mim como estes.

O macarrrão era saboroso, apesar de ter uma aparência um tanto aguada. Era saboroso, contudo.

- Sim. Você terá sua casa, terá um escritório, terá chefes e terá um salário. Se estiver de acordo com isso, acho que sua transição será tranquila. - subia por algumas escadas. Já havia jogado o que restava da comida no lixo - Responsabilidade? Alguma? Hah... criança... nós deixamos o destino e o tempo para trás. A Criação é a nossa vontade.

Talvez, de fato, ele realmente quebrasse regras. Obedecia primeiro a si e depois a quem, achava que deveria. Mas, aparentemente, ele realmente conhecia da sua responsabilidade e arcava com ela, como poucos Escolhidos arcavam.

Vaan agradeceu e Archer... Archer entendeu, fez um sinal de positivo com a cabeça, meio entristecido e abriu um portão que dava para um jardim que era ao menos dez vezes maior do que o de Archer. Haviam rosas brancas espalhadas por todo o campo, onde um caminho de mármore se fazia até o centro, onde uma fonte gigantesca se erguia. A fonte tinha a escultura de 5 mulheres, cuja altura alcançava, facilmente, 5 metros de altura. às costas dela, uma esfera que parecia feita de teias de aranha, mas o composto era algo semelhante ao vidro.

Andaram o caminho e quando chegaram a teia, uma mulher os aguardava.

- Lança que Despedaça o Céu Primordial... quanto tempo para que finalmente aparecesse. Se lembrou que tem relatórios a preencher?

- É bom vê-la também, Ahn-Aru. Senti muita saudades do teu humor. Essa é Vaan, uma Escolhida dos Finais. Ela veio aqui se apresentar e ser integrada a burocracia.

A mulher, uma belíssima jovem de aparência oriental, cabelos castanhos escuros e olhos esverdeados, mediu Vaan de baixo a cima.

- Mm... ora... se ela veio se apresentar, deixe-a se apresentar.


Archer bufou e deu de ombros, ficando em silêncio em seguida.
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Mensagem por Valkyrja Sex Jul 06 2012, 18:17

Vaan arregalou seus olhos e deu um passo para trás. Foi tão de súbito que ela ainda soltou uma exclamação de surpresa. Ela franziu sua testa e o encarou, com um meio sorriso.

-Mas isso era o que você mais queria ouvir, né, "General do Oeste"!

Passou por ele, com o nariz empinado.

-Pra seu governo não com você em si, mas ninguém gosta de ficar sem os braços! Mas nem se dê o trabalho de ficar feliz! Minha preocupação já passou!

Olhou por cima do ombro e deu-lhe um sorriso debochado.

Os raios dourados do Sol Invictus deixavam a cidade dourada e bela. Era aconchegante e quente. Vaan viu três jovens da idade dela. Conversavam e brincavam. Deveriam ser Siderais em treinamento. Pareciam tão livres de responsabilidades. Andava ao lado de Archer, mas sem olhá-lo.

-Imagino que esteja certo.

Quanto a indiferença, já estava acostumada. Vaan sabia que Archer fazia aquilo somente porque sua Ordem deveria servir aos Reva..Reva alguma coisa! E ela era um desses. Pelo menos era isso que ela tinha como certeza. Ele jamais faria o que fez por vontade própria. Por isso, nem sequer tinha muita esperança de ter pelo menos um bom relacionamento com o rapaz, por mais que achasse que lhe devia.

Comia devagar o macarrão. Quando Archer virou-se, ela tratou de comer tão ferozmente quanto ele. Terminado, jogou também na lixeira.

-Uma boa perspectiva de vida, hun? Vou ter uma família também?- falou em um tom ameno, com sua voz rouca. Debochada.

-Hah! Você falou como uma velha! - Vaan parou de falar e olhou bem para Archer. Lembrava-se dessas palavras. Ela as ouviu na Pedra que Voa, quando se conheceram.

-Onde ouviu isso?

Subia as escadas atrás do rapaz, o mais rápido que aquela quantidade de tecidos permitia. Vaan definitivamente não era um dama ou donzela.

-Ora, não faça essa cara, vai. Sei que faz o que tem que fazer. Sou exemplo vivo.

Quanto ao agradecimento, Vaan o olhou de relance. Viu a tristeza em seus olhos e, por mais que não quisesse acreditar, gostaria de fazer com que ele sorrisse, que ele não sentisse aquela dor tão aguda em seu peito. Afinal, ela fora a responsável, como ele mesmo sempre jogava em sua cara. Ela remoeu novamente aquele dia enquanto passavam pelo jardim florido. Nem mesmos as rosas brancas conseguiram afastar o pensamento de culpa de Vaan.

Porém, ficou um pouco aliviada de não ter que explicar o que aquele obrigada realmente significava.

Vaan ergueu os olhos amarelos para o céu e os fechou levemente. As estátuas das Senhoras eram espetaculares. Em nenhum lugar da Criação havia algo daquele jeito, ela tinha certeza. Estendiam-se tão imponentes que ela sabia que todos os deuses se ajoelhariam diante daquela simples representação das Senhoras.

Baixou sue olhar até a porta e a mulher oriental. Seu sorriso cínico logo não agradou a Escolhida dos Finais, que retribuiu com um leve aceno de cabeça. Detestava joguinhos sociais e sempre tentava escapar deles.

Mas...Aquilo era Yu-Shan.

Vaan deu um sorriso meigo e bonito. Tão bonito que até o céu pareceu se iluminar mais. Os cabelos dançavam com o vento ameno e seu perfume era espalhado. Abaixou gentilmente o tronco.

-Prazer, senhora Ahn-Aru, gostaria de...- "te dar um soco"-..me apresentar. Como o mestre Archer disse, me chamo Vaan Tsaebd. Sou Escolhida da Casa dos Finais.

O símbolo de sua casta brilhou por alguns instantes.

-Vim aqui para, como todo Escolhido, me apresentar à Agência e tomar meu lugar de dever.

Ergueu a cabeça e olhou-a diretamente, com os belos olhos prateados. Esperava a reação da mulher. Por dentro, Vaan sentia-se uma tola. Não sabia se estava fazendo demais ou de menos. Preferia mil vezes estar na guerra com os bárbaros. Pelo menos eles eram sinceros em relação a seus sentimentos e não se mascaravam debaixo de sorrisos e falsas amizades.
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por 25Slash7 Qui Jul 12 2012, 16:01

Archer apenas riu, debochado, da falta de jeito da garota e pelo jeito arredio dela, deixando de fazer qualquer comentário sobre o que ela havia dito.

- Se quiser ter uma família. As vezes somos enviados para a Criação para colocar certas engrenagens do destino em movimento. Digamos que... você o destino requer que o próximo paladino Sidereal nasça de da tua união com o alguém feio e asqueroso. Você iria para a Criação, teria seu bando de asquerosinhos, cuidaria e o educaria até que estivesse pronto e então o levaria para Yu-Shan. Seu marido asqueroso não perceberia que aquela que viveu anos com ele, foi uma ilusão e que nada mais era do que um destino falsificado.

Havia um certo amargor nas palavras do Escolhido.

Teria respondido a pergunta dela, mas o momento de encontrar Ahn-Aru já havia chegado.

Ahn-Aru a olhou de baixo a cima, medindo cada centímetro do corpo, vestes e gestos de Vaan.

Finda a apresentação, alguns segundos de silêncio se seguiram, antes da oriental respirar fundo, fazer uma expressão levemente entediada e então falar:

- Eu sou Sad Ivory*, oficialmente alocada na Divisão dos Finais como A Virtuosa e Destinada Ceifadora das Linhas Reais da Provincia dos Rios. Imagino que Lança tenha contado um pouco da nossa... adorável burocracia.

A mulher riu. Deu as costas e começou a caminhar. Vaan sentiu um arrepio percorrer as suas costas. Soube, de imediato, que estava diante de alguém cujo peso das mortes se acumulava em seus ombros, mas que ele, tratava como se fossem premiações por um bom serviço prestado.

- Você já tem idéia de qual divisão pretende integrar? SUPONDO que esteja preparada??

Enquanto caminhavam pelo jardim, Ahn Aru permanecia alguns passos a frente, ambas as mãos por trás da cintura.

Archer as acompanhava, indo ao lado de Vaan.



* Apesar de traduzir todos os nomes, eu acho que "Marfim Triste" tem um som ruim. Gosto mais do som de Sad Ivory.
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por Valkyrja Qui Jul 12 2012, 16:53

O que mais irritava era, de longe, o jeito que ele simplesmente ignorava as respostas que ela dava diante de suas provocações. Era uma via de mão única. Somente Vaan ficava nervosa com aquela discussão toda. Archer se divertia, aparentemente.

Pisava firme, com o rosto vermelho de raiva. Permaneceu a sua frente alguns minutos, até diminuir seus passos e agora andar lado a lado com o Escolhido, para poderem conversar melhor.

Ouvia sobre a linda perspectiva de vida que poderia ser apresentada a ela. A imagem de um ogro apareceu em sua mente, assim como a de vários ogrinhos. Forçou um sorriso falso enquanto engolia em seco. Sua expressão ficou pesada e ela franziu levemente sua testa.

-Que maravilha. Espero que puxem o meu lado da família. - Arqueou uma sobrancelha. - Mas, nada pode ser tão ruim. Poderia ser pior se ele tivesse um temperamento como de alguém que conheci.

Quando o olhou, não pôde deixar de notar o ar triste do Exaltado. Ela continuou a olha-lo discretamente, com o canto dos olhos.

"Ele casou com uma asquerosinha e ela esqueceu dele depois?"

Não sabia muito bem o que dizer para fazê-lo melhorar de humor, se é que era possível. preferiu ficar calada, já que Archer respondia sempre com um ódio mortal a qualquer comentário seu.

Vaan ficou pensando no que Archer havia dito. Quer dizer que aqueles com que teve contato e até algum tipo de relação, irão esquecer-se dela no momento que ela fosse embora? Ficou raciocinando sobre aquilo. O Legado parecia sempre se lembrar dela, mas ela se perguntava se os bárbaros e até a tripulação da Pedra que Voa iria se lembrar dela.

-Hmm..Os "normais" se esquecem da gente assim, tão fácil?

Desviou seu olhar para o céu banhado pela luz do Sol. Franziu o cenho novamente ao confrontar o esplendor do astro.

-Ser Sideral é bem solitário.

Disse sem qualquer emoção na voz, como quem aponta uma verdade que estava ali, nua, para que todos a enxergassem. Lembrou-se da visão que tivera, dos Solares e Lunares que lutavam e caíam juntos. Compartilhavam uma ligação única. Tinham um ao outro. Os Dragon-Blooded tinham o Reino. Já os Siderais...Bem, só um fardo grande e ninguém para dividir.

Vaan deu os ombros. Não tinha tempo e nem paciência para ficar pensando sobre essa afirmação tão dramática. Outras preocupações aguardavam e ela preferiu forcar-se nelas. Esperava sua resposta, mas então Sad Ivory apareceu.

Vaan permaneceu com uma expressão que se assemelhava a uma cara de paisagem. Não sorria, não demonstrava interesse e nem sequer sono. Apenas encarava Sad Ivory com os olhos sérios e sem preocupações, agora azuis. Esperou Sad Ivory terminar de fazer sua análise e por fim, deu um sorriso meia boca para ela, quando se apresentou.

Quando deu o primeiro passo para segui-la, Vaan hesitou. Ela encarou as costas da mulher e sentiu todo o peso das mortes que a oriental carregava. Balançou a cabeça rapida e negativamente. Ela não parecia, nem de longe, uma assassina.

Estranhamente, não sentiu medo ou antipatia pela jovem. Vaan compreendia que era aquilo seu dever, o que era pedido e esperado dela. Afinal, ela mesma matou - sim, matou - vários durante os confrontos com Fal Grey. Olhou suas próprias mãos. Nunca se arrependeu de tirar a vida de alguém. Era para um bem maior.

Ela olhou Sad Ivory novamente, imersa em seus pensamentos. Então, provavelmente aquilo era ser um Sideral. Sujar as mãos para o bem e felicidade geral. Uma tarefa ingrata, mas que alguém deveria fazer. E nunca iriam receber um "Obrigado". era mais provável serem odiados.

Com a voz rouca, Vaan respondeu em seu habitual tom calmo, como se estivesse explicando algo a uma criança.

-Supondo que eu esteja preparada, quero algo na Divisão dos Finais.

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Mensagem por 25Slash7 Qui Jul 12 2012, 17:30

- Sim, esquecem. Nós forçamos o destino a esquecer a nossa presença no passado. Aparentemente... funcionou bem demais.

Quando ela falou sobre solidão, o Escolhido deu de ombros:

- Se você quiser uma companhia normal, provável. Mas você ainda pode ter o Deus da Carnificina como seu melhor amigo, supondo que consiga superar o cheiro de sangue nele.

_

Sad Ivory deteve-se.

- O que acha, Lança? Ela esteve sua supervisão enquanto Ronin, não é?

Archer suspirou, fez uma cara de indecisão e então concordou.

- É... de certa forma... acho que... ela serve.

Sad girou o corpo lentamente, sua expressão demonstrava um pouco de raiva diante da resposta evasiva do Sidereal. Ela o olhou fixamente por alguns segundos.

- Só isso?

- Você jura que quer um relatório disso, Ahn Aru?

- E como, em nome das Cinco Senhoras, eu devo saber a competência dela se o responsável não pode me dar uma estúpido relatório?

Archer fez um gesto brusco com a mão, como se afastasse Sad Ivory de si. Balançou a cabeça, cruzou os braços, afastou-se um pouco e então se voltou para eles.

- A Escolhida demonstrou aptidão marcial. Suas técnicas de combate são um pouco inferiores de um Sidereal com o seu tempo de Exaltação, mas parece ser capaz de aprender rápido...

Olhou para Vaan, se lembrando da noite em que ela praticou enquanto ele dormia.

- Qual a graduação?

- Camaleão de Cristal, 2º degrau.

- Sequer chegou na Forma??

- Não.

- Pff...

A Sideral riu, balançou a cabeça e ficou em silêncio. Archer continuou.

- Seu conhecimento sobre a história da Criação e a dos Escolhidos é defasado. Conhece as línguas antigas e tem um talento natural para mover-se furtivamente. É impetuosa, passional e não demonstrou muita facilidade em realizar manobras estratégicas ou caminhos reflexos. Vai sempre em linha reta.

Sad prendeu a respiração, como se não houvesse gostado de tudo aquilo.

- De tantas pessoas para Exaltarem..... algo mais, Lança Que Despedaça o Céu Primordial?

- Sim. Ela foi acolhida por Iron quando mais nova, mas seu treinamento não foi terminado. Ela também teve contato com o Malfeas.

E agora, finalmente, houve um pequeno vislumbre de interesse. O nome de Iron e o contato com Malfeas... ser Sidereal, afinal, era envolver-se em política. Sad Ivory não perguntou que tipo de contato era. Apenas teve a certeza que aquilo lhe interessaria.

- Muito bem... - ficou pensativa por alguns segundos - Eu conversarei com Wayang, o Deus do Silêncio, sobre qual será sua posição.

E saiu.

Archer estalou a língua, franziu o cenho e deu as costas. Como se toda aquela "descrição" não houvesse sido nada, ele começou a caminhar.

- Nada mal.
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por Valkyrja Qui Jul 12 2012, 18:52

Vaan não teve muito o que fazer quando Sad dirigiu a pergunta a Archer, ignorando-a de propósito, como Vaan gostaria de pensar. A menina mordeu a parte interna do lábio inferior e espremeu um contra o outro. Uma resposta negativa de Archer era esperada e ela sentia que não poderia fazer nada para se defender. Ali, a única coisa que poderia fazer era ouvir, calada, enquanto esperava o julgamento. Sentia uma nuvem de expectativas envolvê-la.

Archer pôde sentir o peso dos olhos de Vaan quando ele começou a falar. Ela engoliu em seco e seu olhar passava, discretamente, por Archer e por Sad. Se recompôs quando a mulher virou-se para eles. Sua expressão, antes carregada de nervosismo, logo voltou a ser limpa como as águas das fontes das Senhoras.

Durante toda a conversa dos dois, Vaan fazia o possível para manter-se calma e com uma faceta serena e bela. A coluna ereta e o rosto erguido dava-a uma aparência forte, impassível.Porém, em seu íntimo, queria era ir embora de Yu-Shan! Política jamais fora seu forte.E ainda, era extremamente desagradável ficar ali, parada entre ambos, que falavam dela como se ela não estivesse ali. Por mais de uma vez teve vontade de intervir no relatório de Archer, mas segurou-se. Já era difícil demais manter-se política e educada enquanto discutiam sobre o que poderiam fazer por ela.

O pior era, na verdade, perceber a falat de interesse e paciência de Sad Ivory. Na única hora que mudou a expressão calma e de porcelana foi quando Sad Ivory insistia em saber mais sobre ela e se dirigia a Archer. Ela arqueou uma sobrancelha. No mais, engolia os golpes em seu orgulho e rezava para aquilo logo acabar.

Quando Sad Ivory deu aquela risada irônica, a vontade e Vaan foi mandá-la para um lugar desagradável. Seja lá quem fosse, poderia pelo menos agir de forma mais polida. Vaan prometeu que faria engolí-la aquelas palavras. Naquele momento em diante, teve a certeza de que Yu-Shan era mesmo um antro de cobras que Archer tanto queria ficar longe.

Teve que segurar um meio sorriso vitorioso quando Archer conseguiu prender o interesse daquela mulher aparentemente nojenta. Quando ela se afastou, Vaan aproximou-se de Archer, agora com um leve sorriso para o homem.


O rapaz não havia sido tão cruel quanto ela achava que seria. No fim, achou seu relatório justo aos acontecimentos. Por mais que Vaan sentisse uma queda em sua auto-confiança , preferiu encarar aquela experiência como uma maneira de saber o que poderia melhorar.

-Você achou mesmo, mestre Archer? Não me pareceu muito bem... - fez uma voz mais fina, com um sorrisinho meigo nos lábios. Passava uma imagem de menina frágil. Fazia aquilo de propósito, ainda fazendo o papel de jovem pupila.

Bem, não durou muito. Logo ela tinha a voz rouca e o olhar decidido e expressão irônica.

- E agora? Vamos ficar aqui até ela voltar?

Ainda tinha um olhar desapontado, mas evitava olhar o Sideral, para que ele não percebesse.
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por 25Slash7 Sex Jul 13 2012, 00:00

(ação principal enviado por MP. Responda aqui.)

Vaan despertou. Reconhecia aquele teto como a casa de Archer. Seu corpo doia com as memórias daquela longa noite. Ela seria incapaz de dizer quanto tempo se passou, mas era capaz de se lembrar da dificuldade em distinguir se tudo aquilo aconteceu ou se não passou apenas de um sonho.

Por um tempo imensurável, ela lutou contra Archer. E cada golpe que recebia era um ensinamento. Ao fim de trinta noites, ela havia elevado o seu conhecimento de artes marciais até o limite humano. Seu conhecimento do estilo do Camaleão de Crystal havia sido aperfeiçoado e ela sabia, que agora, era capaz de levá-lo até o limite.

De alguma forma... Archer havia tornado-a inteira, após a despedaçar.

Ouviu o som da porta se abrindo e pensou que seria Kirin, mas era, na verdade, a Lança. Com uma xícara de chá entre os dedos, sentou-se ao lado da cama, sem nada dizer.
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por Valkyrja Sex Jul 13 2012, 10:40

-Não?

Primeiro, Vaan balançou a cabeça negativamente, desapontada. Achou que conseguiria resolver logo todos aqueles problemas de uma vez e já ser incluída nas rodas do Destino. Pobre garota. Esquecera-se que aquilo era uma burocracia, e burocracias geralmente eram acompanhadas de longas esperas. Ela iria dizer alguma coisa, mas novamente um arrepio em sua espinha subiu, sem aviso.

Vaan deu um passo para trás e instintivamente entrou em posição de combate, mas sem levantar as mãos. Sua garganta se fechou e a respiração ficou mais apressada. Os olhos estavam fixos em Archer e ela soube, no momento que ouviu a voz dele, que algo ruim iria acontecer. Franziu o cenho e cerrou os punhos.

Ao confrontar os olhos azuis do menino, Vaan arqueou o corpo e o encarou. Seus dentes rangeram e apesar de ter a postura de guerra, Archer podia sentir o medo que o olhar da mulher tinha. Pensou em chamá-lo de volta para si, mas ela sabia...Sim, sabia que ele não iria recuar ou sequer parar. Sentiu-se como um animal acoado e admitiu que, naquele momento, Archer dava-lhe mais medo que qualquer Solar ou Lunar. Era isso que poderia se tornar? Sim, sabia que sim!

Olhou bem para os olhos de Archer. Esqueceu de respirar. Vaan percebeu que até aquele momento, Archer tinha disfarçado muito bem o que sentia durante aquela viagem. Aquela era a hora que Archer iria, finalmente, demonstrar toda dor que ela havia feito ele passar. Achou - não, teve certeza - que Archer iria matá-la. Se não matasse, iria chegar bem perto.

" Bem, chegou o dia, então." - Não havia muito o que fazer, a não ser tentar se defender. O que mais a assustava era que ainda não era forte o suficiente para deter Archer. Não ainda. E se sobrevivesse, iria fazer de tudo para superá-lo.


O primeiro impacto veio com tanta violência e surpresa que Vaan sentiu a dor apenas quando chegou ao chão. Levou a mão até o local do impacto e fez uma careta de dor. Tentou se levantar, mas ainda estava tonta. Ao longe, ouvia a voz de seu algoz. Vaan ergueu seus olhos violentos para Archer. Levantou-se devagar. O medo agora havia se desenvolvido para raiva. Sentia raiva de Archer, sentia raiva de Yu-Shan, de Iron e dela mesma. Levantou-se e o encarou com tamanha determinação que parecia não temer a morte.

Não recuou diante das falas do homem. Sua raiva, sua vontade de partí-lo, não permitiam. Porém, antes que pudesse se mover, o uivo gelou suas veias e a paralizou. Virou-se e viu a imagem gigantesca do lobo. A surpresa a impediu de agir. O Lobo era imenso e sua figura, assustadora. Quando seu coração voltou a bater, o sangue de Vaan já manchava o corredor antes imaculado.

Viu o sangue e sentiu o corte em sua cintura arder. Respirou fundo e não demonstrou a dor. Jamais a demonstraria. A única coisa que daria a ele seria seu olhar impetuoso, como ele mesmo descrevera. Ela ergueu e assim que se pôs de pé, saltou e girou no ar. Iria acertar seu calcanhar no topo da cabeça de Archer, mas seu corpo não respondeu como deveria. Caiu e viu ele conjurar outro Daeva. Vaan levantou-se rapidamente e quando foi envolta, sentiu sonolência. Sentiu a paz de um soldado que consegue retornar para casa. Não, não queria mais lutar, não queria mais levantar a mão contra ninguém. Queria apenas sumir, desaparecer dentro daquele sentimento calmo.

Archer ouviu o grito de dor de Vaan. Ela tentou afastar as mãos, tentou bombear sua Essência para os braços antes acolhedores. Conseguiu afastá-los por um momento, mas foi vencida. Mais um corte profundo, que se assemelhou a uma queimadura. Vaan ergeu seu olhar violento para Archer, que permanecia impassível.

Ela tentou se levantar. Não iria cair! O símbolo em sua testa também brilhou e uma aura lilás envolveu o ambiente. As dores do corpo eram menos fortes e Vaan conseguiu por-se de pé. Em menos de um piscard e olhos, avançou contra Archer, mas foi em vão. O Daeva do Escolhido a golpeou diversas vezes no rosto, barriga e por fim, em seu joelho, fazendo-a cair.

E então, o frio...Semi-desperta, ergueu os olhos selvagens para a criatura de gelo. Sua Essência ainda fluía, lutando para afastar o frio e fazer a Escolhida dos Fins se colocar de pé. Por mais que usasse toda sua força para lutar, o Daeva a atacou e agora sentiu sua consciência ir embora.

Vaan teve a certeza de que havia morrido. Sentiu alívio. Pelo menos, agora estava quite com ele.


-----------------------------------------

Abriu rapidamente os olhos, em um susto. Ela olhou o teto da casa e respirou, cansada. Porém, não sabia se o suspiro que deu foi de alívio ou tristeza. Seus pensamentos estavam ainda se organizando depois do tempo que havia dormido. Não se mexeu muito na cama. Olhou para um lado e para o outro. Detestava aquela sensação de falta de certeza, de não saber o que de fato havia acontecido. Afinal, o que tinha sido real? Foi apenas um sonho?

-Hunf.

Com a cara emburrada, Vaan tentou se levantar e quando colocou-se sentada, apoiada no travesseiro, a dor veio e com ela...

Ela levou uma das mãos até a cabeça. Todas aquelas verdades. Todo aquele sangue e conflitos de poder. Todo o esforço prendido naquela guerra horrível. Todo o esquecimento da Criação e a falta de confiança. Todo o sofrimento. Toda a perda. Eram lembranças, ensinamentos pesados.

"Que história horrível. Bela bagunça é essa coisa toda."

Foi a única coisa que conseguiu pensar. A dor também touxe a certeza dos acontecimentos. Havia apanhado - e muito - de Archer, mas tinha a consicência que ele era o responsável por seu aprendizado. Sabia que agora era muito mais do que aquela garotinha que invadiu o campo dos bárbaros. Poderia agora, caso quisesse, matar a todos , sem sequer ser notada.

Ela olhou as cicatrizes pelo seu corpo e soltou um suspiro.

"Acho que agora estamos quase quites."

Ergueu o olhar curioso para a porta e pensou em ver Kirin, mas quando Archer entrou, ela franziou, bem de leve, o cenho. Não sabia como sentia-se em relação a ele. Quando o rapaz sentou-se, ela o olhou rapidamente, sem saber como se comportar diante daquele silêncio incômodo.

Passou a mão pela mandíbula e percebeu que ainda estava dolorida. Para tentar quebrar o gelo, disse, com a voz rouca habitual:

-Belo soco.
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por 25Slash7 Sex Jul 13 2012, 12:00

Enfrentá-lo havia sido como enfrentar seus mais profundos demônios. Durante aqqueles momentos, cada gesto, cada segundo que seu olhar caia sobre Vaan, era como deparar-se com seus medos, rastejando ao redor de seu coração. Medo que apenas não era maior do que a raiva que um animal acuado seria capaz de sentir diante de um destino certo: a morte.

Agora, contudo, ele parecia o mesmo de antes. Sentado, ali, ao lado dela, era quase como se nada daquilo houvesse acontecido, como se tudo não houvesse passado de um sonho ruim.

Contudo... contudo a dor era real.

Vaan não saberia dizer quanto tempo havia passado desde que o combate fora iniciado. Sabia, apenas, que foi tempo o suficiente para que ela fosse derrotada, se levantasse e então derrotada denovo. Foi golpeada, esmagada. Cada golpe partindo seu espírito, seu orgulho. Cada golpe um segredo...

Deu um longo golé na xícara de chá que trazia consigo, seguido de um sorriso sereno diante do comentário da garota.

Colocou a cadeira em que estava sentado, paralela a cama, estendendo os pés sobre esta em seguida. Continuava a beber, o aroma de ervas exalava suavemente da xícara e chegava às narinas de Vaan.

Ficou assim por uns dez minutos. Quando, finalmente, terminou de beber, Kirin entrou no quarto, apressado e com uma bandeija em suas mãos:

- Senhora, Senhora! Ah, você acordou, sim, sim, acordou! Eu tenho queijo!!! E também... ih... bandagens, esqueci as bandagens. Kirin volta!!

O guaxinim fez um cumprimento, abandonou a bandeja ao pé da cama e saiu correndo.

Archer estendeu a mão e pegou um pedaço cortado de queijo que ali havia, dando uma mordida vigorosa.

Falou, enquanto mastigava.

- Você estará pronta. Em um ano, você estará pronta. E quando retornarmos para o Norte, aqueles Escolhidos aprenderão a olhar na mesma direção e assumir o papel que suas essências demandam. Os destinos que nós escolhermos. Nós.

Levantou-se. Lambeu os dedos da mão direita e pousou a esquerda sobre o ombro de Vaan.

- Descanse.

E saiu em silêncio, enquanto Kirin entrava em barulho.
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por Valkyrja Sex Jul 13 2012, 12:38

Enquanto recordava os acontecimentos, Vaan sentia cada parte do seu corpo em dor. As sensações, o medo e a raiva ainda pairavam ao redor do espírito da garota, mas pouco a pouco, se amenizavam. A presença de Archer começou a tornar-se menos insuportável. Não trazia mais a falta de conforto que antes rondava qualquer encontro com ele. Diante de todas as pancadas que levou, de toda forma de humilhação, a culpa de Vaan ia, lentamente, sumindo. Aprendera a aceitar o fato e suas limitações. Por mais que maria ainda a assombrasse, preferiu aprender com aquele erro e seguir em frente. Ela esperava que o rapaz também tivesse esse pensamento, mas era impossível saber o que ele pensava.

Não deixou de ficar surpresa quando ele sorriu serenamente. Vaan, como Archer, não conseguiu, ou não quis, esconder um ar de surpresa. Uma surpresa agradável. Ela sorriu para ele, ainda sentindo dor.

-Óh, você consegue sorrir.

Ficou em silêncio logo em seguida, pensando no que ele a ensinou. O cheiro do chá era agradável e Vaan deu-se conta que, no fundo, não só se acostumou com a companhia do rapaz, mas que gostava da mesma, apesar de tudo. Era alguém como ela. Achava, até, que seus temperamentos tinham nuances bem parecidas.

Olhava discretamente para o rosto de Archer, guardando sua fisionomia. Era um rapaz bonito. Ele a ajudou quando ela merecia a morte. Ele que sempre esteve a seu lado. Ele a seguiu quando saltou de Pedra que Voa. Ele, mais ninguém. E logo ele, que tinha os maiores motivos para odiá-la e querê-la morta. Fosse qual seu verdadeiro motivo, ele sempre a ajudava.

Vaan pegou-se com um meio sorriso bobo no rosto. Desviou o olhar e rezou para que ele não houvesse notado. Afinal, ele sempre demonstrou que a ajudava apenas porque ele deveria. Vaan suspirou e guardou aqueles pensamentos, afastando-os.

-Sabe, por mais que você me odeie e faça o que fez porque tinha que fazer, eu...Bem, desculpe. Por tudo. Sei que só isso não ameniza nada, mas...

Calou-se. Fez menção de continuar, mas Kirin entrou no quarto. Vaan desviou o olhar para o guaxinim e sorriu ao vê-lo. Seu olhar acompanhava os movimentos rápidos do animalzinho, com uma boa dose de ternura. Ele era mesmo uma gracinha!

Vaan não se serviu ainda. Não tinha muita fome e parecia estar um pouco enjoada. Ela ouvia o que Archer dizia e deu um meio sorriso.

-Assim espero. - pegou um pedaço de queijo e deu uma mordida. Pensava no que poderia fazer agora. Será que finalmente saberia como guiar o destino a seu favor? Apesar das dores e de tudo, sentia-se animada e pronta para o treinamento.

-Só não espero ter que apanhar tanto de novo. - sorriu. - Aliás, você não detestava queijos?

Quando Archer estava próximo a porta e Kirin entrou feito uma locomotiva, ele pôde ouvir a voz da Escolhida:

-Hmm....Archer.

Ela hesitou, mas continuou.

-Por que não fica aqui me fazendo companhia?
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por 25Slash7 Sex Jul 13 2012, 15:08

E ele pararia próximo a porta diante das palavras de Vaan. Ali permaneceria por alguns segundos.

Sem dizer nada, ele retornaria para se sentar ao seu lado e lá ficaria, até que o sono viesse...

___

E o tempo passaria durante um ano e durante um ano Vaan seria incorporada a Burocracia Celestial, como uma Agente do Destino.

Vaan Tsaebd, adotou o nome de A Espada Cega Que Corta a Criação. Nome este que perdurou até encontrar-se com Wayang, o Chefe da Divisão dos Finais. O Deus do Silêncio parecia saber mais e mudou seu nome para A Espada Cega Que Corta as Eras. Dizia que aquilo se adequaria mais ao seu propósito.

Qual era esse propósito, ele não deixou claro.

Normalmente os recém Exaltados são incorporados à duas Convenções, mas Vaan recebeu uma Convenção e uma missão.

A Convenção a qual foi alocada foi a Convenção do Ar, responsável por guardar e proteger o norte e suas linhas do destino.

A missão...

Vaan foi enviada para investigar o que parecia ser, meramente, a atividade de um culto humano que estava perturbando as linhas de essência local. Aquele foi o seu primeiro contato com os portões celestiais e foi surpreendente atravessar um espaço que demoraria meses, em apenas horas.

Chegando lá, percebeu não tratar-se apenas de mortais, mas sim de homens que haviam vendido sua alma em busca de poder, liderados por um poderoso demonio de segundo círculo.

Relacionar-se, mais uma vez, com criaturas de Malfeas era um choque. Lembrava-se de vagas passagens do tempo que por lá esteve, lembrava-se da dor, da agonia.

Quando, após derrotar os cerca de 40 cultistas, o demônio finalmente se revelou, sussurrando maldições e lembranças:

"Não haviam arrancado seu braço, criaturinha?"

A batalha fora digna daquelas contadas em histórias. Demônios rastejavam e atacavam, enquanto Archer e Vaan resistiam.

Demônios e Daevas... era quase divertido ver como os demônios pareciam sentir medo das entidades invocadas por Archer.

Além disso, era um belo contraste. Archer compesava a quantidade de antagonistas, permitindo tempo para que Vaan avançasse contra seu líder.

Quando o dia quebrou-se sobre eles, o templo havia sido colocado ao chão.

Depois daquele dia, Vaan passou a integrar a Convenção do Sol Esmeralda, recebendo o cargo de A Lâmina Que Finda o Destino dos Princípes Caídos, ou, uma Caçadora de Demônios.

Archer permaneceu ao seu lado durante todo aquele tempo, auxiliando em seu aprendizado. As vezes permaneciam dias e dias sem dormir, sob treino intenso (aparentemente, Archer aplicava a deprivação como meio de aperfeiçoar a resistência), enquanto em outros, Vaan era obrigado a ler e estudar sobre a história da Criação e os destinos. Ela aprendeu e decorou o nome de cada um dos Siderais que morreram durante A Grande Traição.

Quando estava pronta, e seu conhecimento atendia aos padrões mínimos, ela deixou de ser tratada como uma aprendiz e passou a ser vista como uma Sideral.

Tinha um gabinete pequeno na Agência do Destino, onde, boa parte do tempo, preenchia relatórios sobre a situação do norte e demônios.

Ao menos três vezes, ela viu-se na obrigação de sugerir a morte de reis nortenhos que poderiam, em um futuro próximo, aumentar o poderio infernal. Uma vez, ela decidiu pela morte de uma criança, cuja continuidade na Criação poderia dar origem a terrores que ela era incapaz de compreender.

Aquele caso, contudo, foi retirado de sua mão e o próprio Nara-o, Chefe da Divisão dos Segredos, o assumiu.

Aos poucos, acostumou-se com a vida. Viajava pela Criação, se aperfeiçoava. Via Archer com menos frequência, mas, ocasionalmente, ele era enviado junto dela. Apesar das diferenças, davam-se bem, e o Tear do Destino costumava manter laços como aquele estreito.

Os demais Siderais... eram uma sociedade de aparências, onde se buscava a perfeição em cada gesto, onde se fazia coisas contrárias daquilo que se queria dizer. A tensão entre as facções de Ouro e Bronze eram reais, intensas, mas, surpreendentemente, não haviam conflitos diretos.

Mudou de gabinete para um maior e passou a contar com o apoio de 4 deuses menores. Quando ganhava o suficiente para encontrar um lugar onde pudesse morar, Archer disse que providenciaria isso para ela. Mas, nunca o fez.

Em Yu-Shan o tempo corria diferente, ritmos diferentes, variáveis. Dez meses se passaram na Criação, dois anos na Cidade Celestial. Archer havia sumido, sem nada dizer. E quando perguntou a Kirin, o guaxinim apenas fazia uma carinha de preocupação "O mestre voltará. Voltará sim."

E assim os dias passaram... por mais seis meses em Yu Shan. Três meses na Criação.
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por Valkyrja Sex Jul 13 2012, 16:20

Vaan nem sentiu o tempo passar. A vida parecia, finalmente estar engrenando e aquilo tomava muito tempo. Conseguiu, depois de muito lutar, adentrar a tão complicada Burocracia Celestial. No dia que conheceu Wayang e recebeu seu título oficial, Vaan não deixou Archer ou Kirin falar durante o jantar. Contava todas as suas impressões da Casa dos Finais e de seu Deus. Falava sempre animada, com um sorriso e os olhos brilhando de felicidade. Kirin acompanhava feliz a covnersa, dando seus habituais saltinhos. Naquela noite, nem tocou na comida.

Quando foi despachada com Archer para sua primeira missão, não deixou de sentir um aperto em seu peito. Era a hora de mostrar não somente a ela, mas ao Escolhido dos Segredos, que todo seu treinamento valera e a tornara mais forte. Com o olhar impassível, abraçou seu destino.

O contato com Malfeas foi, como ela esperava, devastador. Sentiu suas pernas travarem e o ar lhe faltou. As memórias, o tempo e todo o sofrimento que passou lá vieram no instante que percebeu o real intuito daquele culto, quando ouviu aquela língua proibida. As imagens dos demônios, dos Lordes e do que viu lá fizeram Vaan tremer.

Ao afrontar o demônio - ela, tão pequena diante da forma grotesca do ser -, Vaan não deixou de sentir uma pontada de medo ao lembrar da dor de ter seu braço arrancado. Seu grito ecoou em sua mente, junto com as risadas demoníacas. Ela segurou seu próprio braço e chegou a ficar um tempo paralizada, mas então, lembrou-se o que ela era, de seu título. Naquele momento, a face de Vaan tomou a forma que agora seria habitualmente visto: um olhar irritantemente indiferente, mesclado com um meio sorriso superior.

"Me arrancaram um. Já você.." - ela passou os olhos pelos braços do demônio. "Vou garantir que perca os dois."

E seguiu contra Malfeas, novamente. Vencia não só o culto e os demônios, mas Vaan venceu, naquele dia, também seu medo. Algumas vezes Archer perdia Vaan de vista, outras ela parecia aparecer justamente ao seu lado e matava alguns demônios que corriam dos Daevas do homem.

Como havia prometido, ao atacar o demônio do Segundo Círculo, arrancou-lhe os dois braços e depois o mandou de volta para Malfeas, morto.

Depois disso, recebeu mais um título. Novamente, Archer não conseguiu dar uma palavra no jantar, porque Vaan, animada, não parava de falar de seu novo trabalho.

Todas as noites, estudava até o dia seguinte. Esforçada, logo conseguiu deixar o título de aprendiz e foi considerada uma Sideral. Claro, sabia que devia aquilo parte daquilo a Archer.

Apesar de não gostar de fazer relatórios, gostava de pesquisar o Destinoe tomar as decisões que julgava certas. Apresentava seus pontos de vista com polidez e seriedade. Sua maior felicidade era ver que suas decisões eram consideradas úteis e executadas.

Quando mudou para o gabinete maior e teve quatro deuses menores: um pardalzinho simpático chamado Yuri; outro chamado Kazue e dois pequenos monstrinhos que lembravam ogros, sentia o peso de todo o trabalho acumular. Vaan tratava-os bem e sempre que podia, levava doces a eles. Em retribuição, faziam um trabalho exemplar juntando os papéis que sua mestra, irritada, lançava ao ar.

Quanto as Siderais, Vaan era uma garota normalmente reservada. A falta de sinceridade em Yu-Shan a irritava e isso acabou impedindo que ela fizesse mais que uma ou duas amizades. Porém, nada muito profundo: um agente da Casa das Alegrias e outra da Casa dos Segredos. Falavam-se pouco, apesar disso. Vaan também se esforçava ao máximo para não se meter em discussões das Facções e muitas vezes, preferia ignorar sua existência.

A vida com Archer era, para sua surpresa, tranquila. Ainda tinham suas diferenças e muitas vezes brigavam, mas os ânimos pareciam ter esfriado. Por mais vezes que gostaria de lembrar, acabava pegando-se pensando, em seu escritório ou em sua casa, quando não o via, em como estaria o Escolhido dos Segredos. Aquele sentimento estranho, que Vaan cismava em esconder dela mesma, ainda estava lá, embora ela não desse atenção.

Quando Archer estava fora, ela ia sempre à barraquinha de macarrão que fora com ele em seu primeiro dia em Yu-Shan. De costume, pedia dois. Quando levava o pacote de macarrão para Kirin, não deixava de ter a lembrança de Archer.

Em sua solidão, lia livros, treinava e conversava com Kirin. Tentava não demonstrar que estava preocupada com Archer, mas era impossível não perceber.

-Sim, voltará...- falava com um fio de voz, enquanto jogava-se em um sofá e tinha o olhar perdido.
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Mensagem por 25Slash7 Sex Jul 13 2012, 16:56

Naquela noite Vaan não dormira. Teve pesadelos e jurou, ao despertar, que havia ouvido as vozes dos Princípes Derrotados.

Seu braço latejava.

Estava sozinha em seu quarto. Do lado de fora, uma Lua prateada e bela entrava pela sua janela.

Respirou fundo e sentiu uma gota de suor escorrer pela sua fronte. Pensou em deitar novamente e voltar a dormir mas...

Wayang estava lá.

O Deus do silêncio era uma criatura humanoíde, cujo corpo era negro como o ébano. Seu corpo era liso, sem qualquer sinal de musculatura, como se fosse composto apenas de sombras. As unhas eram cinzentas e alongadas, e seu corpo era coberto por piercings e tatuagens prateadas. A única veste que possuia eram panos brancos que envolviam a sua cintura e se estendiam entre suas pernas.

"Espada Que Corta as Eras"

Comunicava-se através de gestos. Gestos que eram perfeitamente compreendidos como frases. Seus lábios sempre silentes.

"Compreendes, hoje, quem é? Teu papel, não compreende?"

Os olhos amarelados a encaravam. Um aspecto divino, imutável.

"Teu círculo há de se reunir novamente. Sim. Mas eles flertam com um poder desconhecido. E aqui, você deve entender que teu destino é aquele dos finais e não dos segredos."

A divindade deu alguns passos em direção a janela. Seus movimentos eram alienigênas, destoantes do que poderia ser um caminhar humano. Era vagaroso, as vezes meio rápido. Duro, as vezes solto. Nunca, contudo, barulhento.

"Nascida das Estrelas... antes da grande traição, vocês conduziram a Criação em direção aos sonhos. Com conselhos e direções. Talvez, teu círculo não seja aquele que trará uma nova Deliberativa Solar para governar a Criação, mas, eles terão um papel importante. E você deverá estar lá, para cortar os impulsos destrutivos deles. Cortar suas demências. Cortar seus erros. Cortar seus medos. E, se nada disso de certo... você deverá considerar cortar seus destinos."

O Mestre das Marionetes Sombrias não respirava. Seu corpo sempre econômico nos movimentos. Seu olhar sempre pesando sobre a criança exaltada.

"Espada Que Corta as Eras... eu preciso que entenda a natureza deles. Pelo que ouço, não são meros Solares, mas algo... diferente. Nós precisamos entender, antes de tomar decisões."
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(interlúdio) Yu-Shan Empty Re: (interlúdio) Yu-Shan

Mensagem por Valkyrja Sáb Jul 14 2012, 21:24

Acordou com um sobressalto. Sentiu em sua garganta um grito preso e olhou para o quarto todo. Sentia em suas narinas o cheiro podre de Malfeas e ouvia suas vozes, seus gritos. Desde seu despertar em Haafingar, achava que os Príncipes caídos haviam esquecido dela. Ledo engano. Vaan sabia que não se livraria deles jamais, afinal, era lá que seu Destino foi deixado. Engoliu em seco e viu a lua. Respirou fundo e segurou seu braço, querendo controlar a dor. A luz prateada banhava o rosto suado da menina.

Pensou em voltar a dormir, mas percebeu o Deus do Silêncio parado em seu quarto. Ou melhor, um vulto. Vaan saltou da cama e preparou-se para o pior, mas ao perceber que se tratava de Wayang, ela baixou sua guarda.

-Chef...Quer dizer, senhor! - entrou em posição de sentido, firme e cumprimentou o deus, mas também não demorou muito a ficar mais a vontade. Sabia que o Mestre das Marionetes sombrias não era um Deus orgulhoso. Pensou em perguntar como ele havia entrado, mas afastou a pergunta idiota da cabeça. Wayang poderia estar em qualquer lugar, onde fosse necessário. Mesmo assim, não deixou de sentir-se lisonjeada com sua visita.

-Acredito que sim, Wayang. Garantir o bom destino dando fim àqueles que distorcem a Criação, principalmente ligado a demônios e o Norte... Uma Escolhida das Estrelas. Uma Agente do Destino que precisa colocá-lo nos trilhos certos.

Ela aproximou-se dele. Ela passou o olhar verde sobre os belos plhos amarelos do humanóide. Não sabia porque, mas gostava, de forma sincera, de Wayang. Vaan o encarou. Sabia que não era isso que ele queria saber, de verdade. Quando ele falou sobre o Legado, seu olhar foi longe, pesado.

-Meu título me dá ideia do que devo fazer. Vou cortar essa Era e garantir que ela termine, acabar com esse sofrimento...

Ele pôdever o olhar de dúvida.

-Desculpe, mas não consigo mentir pra você. É isso que espera de mim, não?

Ela encarava as costas do deus e deu um passo em sua direção. Entendia que seu dever não era revelar os segredos de Malfeas ou de seus próprio grupo, apesar de parte importante. Seu trabalho era acabar com as ameaças que aquilo - Malfeas, seu grupo, ou qualquer outra coisa- representasse. Vaan assentiu com a cabeça.

-Eu compreendo.- Falou com certeza na voz. Seria a certeza de que a Criação não caísse no caos de novo.

Quando o Deus falou sobre suas dúvidas, Vaan sentiu um estalo em seu cérebro. O retorno do contato com Malfeas, suas lembranças... Algo... Algo dizia que demônios estavam envolvidos. Ressentiu, olhando seu chefe.

-Posso estar enganada, mas... Tenho impressão que é algo em Malfeas. Eles estavam, bem, também tinham seus planos. E não vai ser algo pequeno.

Olhou o rosto humanóide de Wayang, esperando alguma reação. Vaan aproximou-se da janela e encarou o corpo celeste brilhante e prateado, como as tatuagens do Mestre.

- Se deseja que eu vá agora, basta pedir, Mestre.

E deu um sorriso sincero.

(Déd, tomei a liberdade de usar essa informação de Malfeas. Se quiser, edito e tiro! Queria conversar com você sobre essa ação! Entrei rapidinho do pc da minha prima, mas já tenho que devolver!=(. Amanhã ou segunda estou aqui!)

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