Above and Beyond
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Mensagem por Rosenrot Dom Jul 22 2012, 22:37

Adorjan not kill to appreciate the pain of others, but it is natural to do so.


A viagem, apesar dos pesares não me pareceu a pior de todas. Às coisas retornam eventualmente. A Fortaleza é tão imponente quanto me lembrava de ser... E tão fria e vazia como sempre deveria. Diferente de Hector, não me pus diante do Rei, tinha outros lugares para visitar.

Por mais que anos se passasse, sempre reconheceria cada corredor como únicos, devo admitir que fiquei bons minutos parado, de pé diante das grandes escadarias. Poderia lembra-me daquele dia por horas e horas, repetindo-o em minha mente. Às vezes sorria, às vezes... Não sentia nada.

Você sempre foi muito solitária.

Todos morremos sozinhos.

Está certa. Mas podemos viver juntos.

Por quê?

Torna as coisas mais suportáveis.

**DEATH-DEALING JOURNEY**

Como nos velhos tempos, tivemos um dos nosso diálogos vazios, sem perspectivas ou mudanças, eramos, num geral, criaturas vazias. Nunca conhecia a história dele, e talvez nem ele conhecesse, exatamente a minha. Provavelmente tinha ouvido boatos, sempre ouvidos. Eu ouvia dizer que a mulher e filha dele foram assassinadas, e tiveram seus membros separados dos corpos... Enquanto ainda estavam vivas. Mas ninguém nunca perguntou. E como nos velhos tempos, nos movemos pela neve, para lugar nenhum. Ele não é meu amigo, não sou amigo dele.

Somos dois assassinos, vazios. Na neve, tentando matar um ao outro. Tenho um demônio em mim, e ele sente fome.


**JOY IN VIOLENCE APPROACH**

Às vezes, torrencialmente preencho os pulmões com ar. Respirando tão fundo, que chega a dor, é como se buscasse algo em tudo isso, como se achasse que algum outro cheiro, alguma outra sensação me alcaçaria. E talvez alcançasse, às vezes, sinto o cheiro do sangue, o sabor da dor... Aquela chama que parece atingir os bárbaros em seus melhores momentos, que fazem os heróis, e às vezes, os vilões. Aquela vontade de jogar-se, de braços abertos ou que quer que venha até nós. Às vezes, apenas o sangue pode clarear a mente.

Você se lembra da sua primeira morte?

Não mais e você?

Me lembro de todas, acho.

Metódica.

O quê?


**SELF AS CYCLONE STANCE**

Sempre diziam que eu agia de maneira muito calma, de maneira muito pacifica na maior das vezes: isso nunca foi total verdade. Gostava de pintar esse quatro, de fazê-los acreditar que a morte era apenas pela morte em si. Nunca revelei as atrocidades, as diversões quase sádicas que possuía. O modo como admirava os olhos abertos, os lábios... As peles, às vezes macia, às vezes ásperas. E o flerte, todo o processo. As damas sorriam largamente, os rapazes se empolgavam.

Todos achavam que a noite seria mágica, melhor. E no fim, apenas a morte, tão doce e gentil, os esperava.
Sempre fui um monstro... Mas sempre cultivei muito bem minha máscara.

**THREAT-MONITORING EXCITEMENT**

Tudo sempre precisou ser apreciando lentamente.

Gosto da sua mente.

Eu não.

Gosto da neve, do modo como tudo é tão igual, tão monotonamente igual. É fácil abater alguém, fácil rastrear. Às vezes, é como um abraço apertado, segurando-o para sempre. É como estar sempre em casa. O modo como os flocos caem, tão lentamente, tão deliberadamente, não há tempo para prevê-los, para adiantá-los ou atrasá-los.

Gosto de perseguição. Os pulmões inflam de ar. Não sei quem é ele, mas é divertido como tenta descobrir o que o persegue, que tipo de animal sombrio e voraz está atrás dele: quando sou apenas eu. Nós.

A cauda serpenteia, de maneira tediosa, de cocoras, sobre um galho, observo: olhos felinos, mas nunca tomei gosto por devorá-los na forma do felino. Gosto de tocar, de sentir. Mãos, dentes. Eu aprecio. Nós.

Aos meus olhos, tudo parece tornar-se lento, uma dança, algo tão... Palpável. É mágico, talvez seja ele, porque sei que ele está comigo, dentro de mim. Nós nos divertimos. Nós matamos. E nos alimentamos.


**RUNNING TO FOREVER**

Às vezes... Eu sangro.

Eu sei.

E depois, eu corro. Corro porque correr se tornou uma droga, uma terapia. Correr, às vezes se afastar, às vezes simplesmente correr. Nasci para correr, para devorar.

Acho que você deveria fazer uma pausa, às vezes. Não se cansa?

O que você sabe a respeito disso? Sempre foi pior que eu.

Ao olhar pro lado, ele já se foi, sempre tão mais rápido, mas ágil do que qualquer um que me lembro de ter conhecido. Não há sequer pegadas na neve, mas ele ainda fala.

Não perca o fôlego.

**MURDER IS MEAT**

Me lembro da minha primeira morte. Foi um rapaz. Nós dançamos. Eu usei um vestido branco com detalhes em dourado. Sorria toda vez que ele olhava para mim. Ele era tão fodidamente entediante que às vezes, tinha vontade de cortar sua garganta ali mesmo, na frente de todos. Mas eu sempre quis mais... Sempre quis ir além, conhecê-los. Seus medos, suas paixões. Ele falava fácil, na maior parte do tempo.

Mas agora...

Agora há urgência. Há fome.

Não é exatamente algo incontrolável. É como se sempre fizesse parte de mim, como se sempre estivesse ali, apenas nunca tinha experimentado. Há algo sublime na morte. Eu posso simpatizar com as dores das pessoas, de verdade, mas não com seu prazer. Há algo curiosamente entediante na felicidade de outra pessoa...

Então eu mato.
Então nós devoramos.

Acho que estou enlouquecendo.

Só está confuso. Apenas deixe fluir. Apenas deixe entrar. Deixe de ser você... Seja n...

[...]

Charlie? Que o faz aqui fora sozinho? O que aconteceu com você, rapaz? Está pálido! O que é isto? É sangue? Charlie, pelo Norte! Alguém lhe atacou?!

Me lembro de ter saído. Me lembro de ter corrido e matado. Me lembro dele perto de mim, apesar de agora, pensando, nunca tê-lo realmente visto perto de mim. Ele quem? Sua voz estava lá, o tempo todo. E ainda está. Me levaram para dentro, ainda que eu não respondesse a nada. Disse, eventualmente, apenas que havia ido caçar. E isso se repetiu, por dias e dias, meses e meses, durante todo o ano, quando saia sem rumo, de encontro a neve... E ao Assassino.

Qual foi a última vez que ficou realmente sozinho? Quando não pensou consigo mesmo... “Tem alguém me observando”? Você passar uma eternidade procurando até encontrar um lugar onde possa ser você mesmo. Libertar-se... correr pela neve, observer as estrelas, ver a lua... Como deixamos isso acontecer conosco? Por que insistimos em olhar, quando todo impulso nos diz: “Olhe para o outro lado”? Talvez seja porque todos têm algo a esconder. Aquela coisa enterrada bem fundo. Que empurramos para a escuridão com todas as forças. Desejamos secretamente ver que o monstro dentro de nós está em todos nós. Está lá, procure bem o bastante e verá.

Você será visto...

Sou um monstro.

Somos.

E gostamos disso.
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