Above and Beyond
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Mensagem por 25Slash7 Dom Fev 26 2012, 22:49

Os eventos colocados neste tópico, afetam todas as cenas. Exceções serão explicitadas.
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Mensagem por 25Slash7 Seg Mar 05 2012, 17:33

(Imagens distorcidas. Charlie, Hector, Alfadur e Alexander vêem. Causam uma sensação de náusea.)

O felino corria, destemido, por entre campos de matança e dor. Sua pelugem era um misto de aniz e negro, meio transparente, assumindo cores diferentes conforme se aproximava. Um animal gigantesco, magnífico em vários aspectos. Mais magnífico enquanto corria.

___

- Canção do Silêncio?

Envolto em escuridão, Canção do Silêncio virou-se e, ao fazê-lo, ttodas as sombras à sua volta se curvaram. Dentro das sombras, os olhos brilhantes de um felino, um Predador de homens e deuses.

__

- Você ousa dizer que devo sacrificar meus protegidos para atrair os Primordiais para fora de sua toca?! É isso, Canção do Silêncio??

__

E à sua frente uma legião de sombras rastejava em sua direção. Centímetro por centímetro, a escuridão aproximava-se em busca de seu dominus. Ele permaneceu em silêncio, sereno. Sabia que, cedo ou tarde, seria traído.
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Mensagem por 25Slash7 Sáb Mar 24 2012, 12:49

[EVENTO GLOBAL]:
(Quem não vê: Shen)

As imagens viriam em sua mente, acompanhadas pelo rugido de seu demônio interior (apenas para os infernais), que reagiam a influência externa de alguém que tentava lhes mostrar algo que não queriam ver.

Voavam. Voavam sob a Criação, como pequenos corvos brancos que trazem notícias durante o grande inverno. Os homens seguiam a sua vida, mesmo sob o julgo constante da Dinastia Escarlate. A Imperatriz havia desaparecido, mas isto não impedia os homens de continuarem seus jogos de poder. A Sétima Legião sustentava-se como o último bastião, liderando a Confederação dos Rios contra aquele sistema. No Oeste, os mares tornavam-se revoltosos, enquanto no sul os profetas das areias anunciavam o fim dos tempos.

Voavam. E viram quando o Guardião Esmeralda foi morto. Viram o grito de um mestre de armas que transformou-se em desespero, seguido do rugido de um urso. O lamento dos mortos. Ouviram a prece do Ancião, quando ele desejou ter juventude o suficiente para lutar uma última gloriosa batalha. Quando lamentou morrer sem conseguir proteger o que deveria proteger. Viram quando a Horda de criaturas disformes, conduzidas pelo mascarado, seguiram o seu caminho, dando às costas ao destino dos homens.

Voavam. E viram A Voz dos Antigos caminhando, solitário, em direção ao ponto mais alto do norte, passando pela Encosta do Diamante, deixando para trás um rastro de destruição, como se o seu sadismo o impelia a usar aquela aterradora espada capaz de cortar o tempo. Viram, que ele marchava em direção à montanha mais alta.

Voavam. E viram que as tribos do norte marchavam na mesma direção, em direção ao lugar que poderiam chamar de lar. Ao redor de um homem. Apenas um homem. E souberam, que ele estava disposto a tomar o norte para si. Que estava disposto a tomar a Criação para si.

As imagens sumiram num segundo e retornaram no outro. Mas desta vez, ao invés do silêncio absoluto, havia o rugido de demônios.

Charlie era apunhada pelas costas.

Hector trazia uma carnificina sobre o gelo.

Niume olhava atônita, incapaz de salvar Alfadur.

Enquanto Alfadur era derrotado por si próprio.

Alexander carregava sobre seus ombros a dor da sua maior derrota.

Spectre era incapaz de dormir, atormentado por pesadelos

Vaan confrontava, junto com os dois últimos, confrontava serpentes, guardiãs do norte

E então o mundo se rompeu e a Criação foi devorada pelo Devorador
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Mensagem por 25Slash7 Qui Abr 19 2012, 16:27

[Evento Global]
(shen não participa)

E o vento sopraria no ouvido dos Escolhidos, trazendo consigo o presságio de uma nova Era. No alto, um corvo claro como o marfim voaria e, sob suas asas, aquelas palavras ressoariam para cada um.

- Contudo... quando a Criação ruir, serão os feitos de vocês que dirão qual caminho ela tomará. Vocês não podem optar pela inércia, não podem abandonar tudo o que acreditam e se isolar. Se isso acontecer... a Essência, os Revh, enviarão clamarão devolta a Essência que vocês carregam e entregar aos heróis, ou destruidores, da Criação. Vocês podem optar por qualquer lado... menos, meus pequenos Escolhidos, pela inércia.

Aquelas palavras carregavam o peso do mundo sobre suas sílabas. Ouvi-las, era como deparar-se com verdades absolutas, cravadas na própria trama da Criação.

- Voz dos Antigos está no extremo norte. Ele marcha em direção ao Polo Elemental do Norte. Fal Grey reune os seus em um local de poder. Enquanto isso, poderes adormecidos até então, começam a despertar. Vocês, legado incompleto, espalhados e despedaçados, cá estão. Outros dois são levados por mercadores pela rota das riquezas e três combatem os guardiões do norte, que os tratam como invasores. Este é o legado quebrado.

Um novo gralhar de um corvo. Voharun olhou para o céu e então fez um sinal de positivo com a cabeça.

- Uma pergunta. Cada um de vocês podem fazer uma pergunta e se me for conveniente, responderei.

[fim do evento global]

(aqueles que não estão na cena original, apenas ouvem a voz. A voz atrapalha um pouco a concentração e vocês se sentem ligados aos outros personagens [players] durante aquele momento. O que qualquer um falar, será ouvido pelo outro.)
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Mensagem por 25Slash7 Seg Abr 23 2012, 11:45

A mulher permanecia de pé, no topo de uma construção eregida apenas em vidro, no mais puro vidro de Chiaroscuro. à sua volta não havia nada que a separasse da queda. De pé, no centro do círculo de vidro, a Imperatriz que Protege os Mundos observava. Em sua mão, um arco feito do mais puro ouro, reluzindo a luz do Sol inconquistado como se fosse um segundo sol. Quando a noite caia sobre a Criação, os homens não temiam o mal. Porque Ela Quem Protege os Mundos os guardaria. Pois ali, do alto de sua torre de vidro, ela via as iniquidades dos homens. E via os demônios rastejando para dentro da Criação. E via, julgava e punia. E quando seu arco rasgava o céu dos homens, eles sabiam que era a vontade divina recaindo sobre a terra.

Porque era ela a vontade divina, o desejo de justiça. Era ela quem guardava a liberdade dos homens e era ela quem lhes guardava a punição.
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Mensagem por 25Slash7 Sex Abr 27 2012, 14:20

Critério para concessão de Charms:

O jogador precisa descrever, em sua ação, que utiliza a sua essência para fazer isto ou aquilo. O Charm básico (excelência), não precisa de "consciência", basta ativá-lo.

Por exemplo:

Se o personagem busca aumentar o dano, basta fazer uma descrição deixando a intenção clara. Usem palavras chaves e temáticas. Um Solar vai tentar "dar mais força ao seu golpe" enquanto que um Infernal vai tentar "esvicerar" o inimigo.

Outro exemplo:

Se o personagem tenta convencer alguém a fazer algo. Um Sidereal irá tentar "ver o destino" do alvo e buscar meios de convencê-lo. Um Infernal irá canalizar a sua essência para parecer mais "intimidador e impor" sua vontade.

Olhem a planilha de vocês para verem todas as habilidades que possuem. Em Exalted, os Charms são vinculados a estas habilidades.

Comentários no tópico off.
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Mensagem por 25Slash7 Seg maio 07 2012, 16:33

(As palavras de Vaan ecoam na mente de todos. Quem já postou, pode postar um aditivo a ação, como reação às palavras.)

Um estalo veio em sua cabeça. Será que a comunicação que antes todos tinham ainda existia? Se todos viram as mesmas coisas, é possível que ainda estivessem conectados. Ela tentou:

-Talvez não acreditem em mim, mas algo que pode simplesmente nos esmagar está vindo para cá. - ela respirou e continuou. Rezava para que eles aceitassem suas palavras, já que todos ali pareciam ter muito mais experiência de batalha do que ela. - Não sei dizer se é amigo ou inimigo, mas tenho quase certeza que está junto com esses bárbaros. Já reparou que, mesmo diante das flechas douradas, eles simplesmente continuam? eles têm algo maior com eles.

Mais um ataque. Dois homens avançavam por ambos os lados. Vaan deus um salto para cima. Subiu uma, duas linhas e saltou para frente. Menos um obstáculo.

-Sugiro nos unirmos e sairmos daqui. Essa batalha não parece nossa. Se formos pegos por essas força, estaremos perdidos.

E calou-se, esperando a decisão de todos. Avançava ainda para pegar sua montaria e ir até onde Archer havia dito ser seguro.
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Mensagem por 25Slash7 Sáb Jun 02 2012, 10:25


Naquela noite tempestuosa, duas almas partidas encaravam-se diante de um cenário distante e improvável. Cercado por uma relva enegrecida e sob um céu cinza e trovejante, os dois se encaravam.

De um lado, havia a última chama de liberdade que restava nos reinos do Leste. Sobre cavalos, a Rainha Bastarda desafiava o algoz das profundezas, carregando consigo apenas o ímpeto e a fé de 100 mil homens livres. Homens cansados e enfraquecidos pela longa batalha que travavam no leste.

Do outro lado, o Senhor do Vazio Ensandecido trazia consigo uma horda de demônios do além mundo, para além da Criação. Em seu encalço, um mil behemoths marchavam e arrastavam-se sobre a terra. E marchavam, porque desde que o Devorador dos Mundos havia sido libertado, toda a estabilidade da Criação havia estremecida. A realidade deparava-se com falhas constantes. Falhas grandes o suficiente para que aqueles do Além Mundo marchassem.

Naquela noite cinzenta, Niume e Alfadur se enfrentariam pela última vez. Pois estava escrito nas estrelas, que Alfadur mataria Niume e, quando o fizesse, ele teria para si a sua consciência. E quando se tornasse consciente, ele mataria a si própria, jogando sobre todo o leste uma maldição de caos e dor.




Observava. Aquela cena soava como um enorme dejavu aos olhos do executor. Quando o Devorador de Almas lhe acolheu sob as suas asas, tudo pareceu simples, claro. Sabia o que deveria fazer.

E fez.

Aquele dia era nada além do que o gran finale. O resultado de uma caçada implacável e agressiva contra a dinastia Hrotgar. A Serpente de Gelo, conhecida pela traição cometida contra seus protetores, havia estabelecido uma rede de intrigas e decepções, que levou ao enfraquecimento da Casa Hrotgar.

Suas mãos ficaram banhadas em sangue e, às suas costas, tantas vidas haviam sido perdidas que fariam os mais ardis conspiradores do Reino sentirem-se envergonhado.

Os Hrotgar haviam falhados. Enganados por uma criança, seu nome retirado da história e sua linhagem exterminada.

Naquele dia, restava apenas um...

E até o final do dia, não restaria mais. Porque estava escrito nas estrelas, que o Último Guardião dos Homens, Hector Hrotgar, teria sua cabeça arrancada e colocada em um espeto, após a Serpente de Gelo, ou Charlie, como foi chamada antes de adotar a proteção do Devorador, degolá-lo.




Diante de um trono negro, o Cavaleiro prostrava-se. Seus dedos calejados pelo manejo da espada, seu olhar sombrio e pesado como apenas alguém que havia visto o fim do próprio mundo, seria capaz de possuir.

À sua frente, a lança de lâmina enegrecida, símbolo dos mais leais homens ao Rei dos Antigos.

O cavaleiro baixou a cabeça e ergueu-se e, quando o fez, revelou o símbolo inconfundível de sua natureza, de sua identidade. Presa à sua cintura, estava a cabeça de sua amada irmã. Uma lembrança de quando sua escuridão havia coberto a sua razão e nada restou além dele e seus demônios.

Os dedos de pontas enegrecidas, afagaram o cabelo sem vida, enquanto os lábios retorcidos e magros, sussurraram alguma coisa em uma língua qualquer.

E então a Lâmina Sombria marchou junto de suas Lâminas, levando consigo estandartes de blasfêmia e destruição. Pois estava escrito nas estrelas, que antes que o Devorador de Mundos consumisse a Criação, os Servos do Rei dos Antigos, liderados por Alexander Lâmina Sombria, causaria a morte de 8 em cada 10 homens. E que a batalha final, apenas aconteceria quando toda a vida houvesse sido extinta.




E Vaan observava, da mais alta torre do Reino Celestial, em Yu Shan, quando o Devorador de Mundos consumiu o Destino de todos os seres e criaturas.

Ela já havia entregue a sua visão para que pudesse ver além da carne. Ela já havia entregue a sua alma em troca da força necessária para lutar.

Agora, tudo o que restava era a imagem da sua vergonha. Enquanto a Criação era consumida por homens e demônios, o Devorador avançava para o coração de Yu Shan. Os deuses estavam mortos e nada mais restava. O Dragão que Vive entre o Eterno e o Agora teria sua escuridão.

Lamentaria. Mas não houve tempo. Pois estava escrito nas estrelas, que a mão demoníaca de Vaan lhe sufocaria e tiraria a vida, para que morresse como qualquer outro mortal.

Sem um destino.




(TODOS viram TODOS os destinos)

A sensação de impotência tomava todos. Não era como se estivessem enfrentando um exército de homens, como se fossem capazes de fazer qualquer coisa naquela situação.

Em um instante, Charlie e Hector encaravam a criatura mascarada. Vaan gritava por respostas. Niume sentia, pela primeira vez, uma sensação tão humana e real: sentia medo.

Um novo brilho esverdeado e então tudo sumiu.

- Meyye...

A voz agora sussurrou. Baixa, contida. Acima de cada, um céu cinzento e sombrio, coberto por estrelas (as estrelas dos mortos). No ápice, a imagem distorcida de um céu esmeralda.

A frente de cada um, havia a imagem decrépita de um homem ou uma mulher (escolham). Às costas desta imagem decrépita, erguia-se imponente a imagem de uma entidade (descrevam. A entidade pode ser um demônio, um animal fantástico ou uma figura humana com traços de divindade. A imagem sempre terá traços demoníacos ou angelicais).

"Teus destinos..."

"Os destinos..."

"Nossos destinos..."

"Cortem..."

"Teus destinos..."

"Matem-nos..."

"Nossos destinos..."

"Presos estamos..."

"No tempo dos destinos..."

"Liberte-nos..."

"E libertem-se..."

"De seus destinos..."

"Nossos destinos..."

"Teus destinos..."

"Pois está escrito..."

"Em nossos destinos..."

"Que vivos..."

"Matem-nos..."

"Somos o flagelo do mundo..."

"Teus destinos..."

"Libertem-se..."

"Salvem-nos..."

"Salvem-se..."

"Antes que o destino..."

"Teus destinos..."

"Nossos destinos..."

"Os consumam..."

"Nos consumam..."

"Liberte-se".

Um emaranhado de vozes tomava a cabeça de cada um. As figuras decrépitas ainda pareciam ter o esplendor de outrora, como se carregassem os resquicios de uma divindade esquecidas.

Seus corpos eram desprovidos de cor e, por alguma razão, cada um sentia em seu íntimo, que eles estavam ali e não estavam ao mesmo tempo. Sabiam que parte deles deveria estar presa no fluxo do tempo.
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Mensagem por 25Slash7 Sáb Jun 02 2012, 10:27

Havia uma segurança vazia em Charlie naquele momento, frente a frente sabe-se lá com o que. Algo que era difícil de encontrar em alguém tão aparentemente jovem, tão imaturo e pouco vivida, talvez. Existia em seu olhar, uma falta de temor, de qualquer tipo de hesitação. Ainda que temor houvesse, longe de seus olhos, oculto de sua expressão. Charlie acreditava que o medo existia em qualquer ser; mas que os fortes haviam aprendido a mantê-lo preso e escondido, longe de qualquer um que olhasse.
Não estava imóvel por que esperava uma ordem. Charlie não era de lutas as vistas de todos, era um assassino, matava as sombras, oculta, silenciosa e sorrateira. Aquele tipo de situação direta lhe incomodava, mas ainda sim, estava disposta a fazê-lo, porém, esperava um movimento, um primeiro passo. Estudava as criaturas à sua frente, com frieza e curiosidade. Foi quando as coisas começaram.

Aos olhos de todos, o que parecia um futuro, um destino para eles, Charlie assistiu o desfecho de Niume e Alfadur, o modo como as linhas se traçavam, os destinos fundiam-se e encontravam-se num fim, a todos os olhos – imaginava – parecia trágico. Charlie atentou-se aos detalhes, buscando traços daquela união. Estudando, querendo ao menos, entendê-los um pouco. Mas foi tudo muito rápido, antes de Charlie contemplar o próprio destino.

Por um momento, houve em Charlie algo que não se lembrava mais como sentir: houve a ânsia, um aperto no peito que não reconhecia em si. Não exatamente pela matança: nesse momento, Charlie até sorriu brevemente, apreciando a ideia, vangloriando-se da sensação. Era aquilo que desejava, não era? Aquilo que queria. Vê-los, um a um cair sob o julgo da sua espada, das suas lâminas. Poder sorver do sangue, e devorar seus corações. Charlie sentiu um prazer sádico, quase em êxtase, sentiu como nunca sentia, o sangue quente correr nas veias, em baixo da pele, chegou até mesmo a arrepiar-se diante de tudo.

Mas ainda existia aquele aperto.

Aquilo não era verdade, não podia ser verdade. Charlie jamais faria aquilo com Hector. Nunca se atreveria. Faltou-lhe ar por um momento, e Charlie apertou o cabo da espada com força, sentindo os nos dos dedos doerem.

Charlie quis virar-se, e berrar a Hector que aquilo não existia, que jamais, em momento nenhum seria capaz de alguma coisa daquelas, que ainda que fosse verdade o desejo sádico pelo sangue de sua família, a vontade de vingança e o prazer que aquela ideia lhe dava, Hector jamais fez parte daquelas vontades.
Mas Charlie não fez isso, e diante das confusões que sofria dos conturbados pensamentos e sentimentos. Das sensações tão diferentes, tão distintas que lhe invadiam e lhe deixavam, mal notou o destino de Alexander, ainda que uma coisa ou outra lhe fosse vaga, a cabeça, o modo como sussurrava, mas não se atentou tanto quanto o de Niume e Alfadur. Charlie levantou a cabeça, e à sua frente estavam as figuras.

Charlie observou o que parecia ser uma mulher: ela não tinha certeza, era tão ou mais andrógeno que si. E passou, por um momento, naquela sensação que as pessoas possivelmente tinham ao seu respeito, a curiosidade que despertava nos outros acerca de seu gênero. Mas diferente de Charlie, a mulher – ou não – à sua frente estava em frangalhos, tinha os cabelos sujos, e Charlie não sabia se de sangue seco ou apenas lama. Ainda que estivesse de pé, era possível notar sua fragilidade, sua fraqueza clara. E isso, Charlie repudiava: a fraqueza exposta. Seu corpo era magro, tão magro que Charlie podia contar suas costelas, e notar suas diversas e diversas cicatrizes e feridas: algumas ainda sangravam abertamente. Ela (ou ele) tinha um olhar distante, quase vazio, mas ainda sim sonhador, como se esperasse que a qualquer momento, algo ou alguém lhe salvasse da dor total, daquele estado deplorável e humilhante.

O protegido de Hector observou mais atentamente, encarou de maneira mais fria, mais centrada. Focando-se nos detalhes. Podia notar que a maior parte do sangue vinha das mãos, de feridas abertas nos pulsos e mãos. Charlie podia notar também que existia, na criatura à frente, quase curvada sobre si, em sua magreza temível, em seus olhos vazios e sonhadores, em seu cheiro podre – e por um momento, Charlie temeu seu toque – uma fome. Não uma fome de alimento, mas uma fome de morte. De sangue e carne.

Então Charlie entendeu: era seu passado. Frente a si, materializado daquela forma estranha, demonstrando seus dias esquecidos, seu modo de sobrevivência, e o vazio que crescia em si, que tomava conta, dia após dia. E o esperar, sabia agora. Era a vinda de Hector, mesmo que na época, não tivesse consciência disso. Era seu passado, frágil e quebradiço. Sem rumo ou propósito. Sem esperanças ou crenças.

Quase morrer não muda nada. Morrer muda tudo.

E não tinha Charlie, morrido naquele dia? Uma morte tão profunda e significativa que jamais conseguira recordar-se do que havia lhe acontecido antes? Não tinha Charlie, entregado-se ao tal vazio? Dado-se de presente ao nada e a ninguém. Não tinha abraçado a morte e lhe aceitado como amiga e irmã? Como a única que lhe compreendia?

Respirou fundo, sorrindo de canto levemente, antes de notar a segunda figura. Antes de notar o tigre branco, dos olhos azuis de luz, que pairava, gigantesco acima do Passado Magro. Em sua soberania, porque os tigres são muito mais legais que as onças. Charlie observou a criatura magnifica. O pelo parecia a mais pura e limpa neve, as listras pretas reluziam um azul claro, que parecia circular o corpo do felino gigantesco. Que parecia mesclar-se ao ar, tomar os céus e surgir das nuvens.

Charlie o desejava. Como desejava poucas coisas na vida. Queria tocá-lo, sentir a maciez da neve, a luz no rosto. Charlie queria ouvir seu coração pulsar., sentir a vida que fluía nele. Observou, quase atônito, o modo como as patas esmagavam a neve abaixo de si, como se movia num misto de graciosidade e leveza. E ela desejava aquela leveza. E como parecia impor uma sombra de respeito, temor e poder sobre aquela figura tão esquelética abaixo de si.

E ele olhou nos olhos do Tigre, da criatura magnifica que lhe fazia sombra. Ainda que se sentisse pequeno diante de tudo aquilo, Charlie observava com tamanha devoção a criatura iluminada. Então vieram as vozes – e Charlie pode jurar que via a mandíbula do tigre mover-se às vezes.

Não gostava da sensação de impotência, da falta de ação sobre qualquer parte ou momento. E aquilo lhe trazia mais incomodo do que a maioria das coisas. Fechou as mãos, apertando-as forte, os dedos estalando. Sentia a respiração intensificar-se e o modo como começava, mesmo diante do frio daquelas terras, a suar.

Ouvia tudo, e tentava, inutilmente, expulsar tudo aquilo. Sacou a katana, arrancando-a da bainha com violência e urgência. Não queria seu passado esquelético e fraco. Queria domar a tempestade, como o poderoso felino parecia fazê-lo.

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Mensagem por 25Slash7 Sáb Jun 02 2012, 10:27

O céu clareou-se com relâmpagos de uma tempestade, rasgando o céu negro com clarões e iluminando o cenário abaixo dele tanto quanto antes, o brilho esverdeado os tinha iluminado. O que Niume via agora não era mais a praça de antes, nem mesmo parecia o tempo de antes. Era outro lugar, uma outra vida... Alfadur estava a sua frente e se encaravam como inimigos. De um lado ela, o elo humano perdido entre as mutações. Do outro lado ele, o algoz que finalmente tinha sido tomado por aquilo que mais odiava. Por dentro, ela morria cada vez que o ódio pulsava. Estava perdida entre a realidade e a imaginação, a vida e o sonho, ou, talvez fosse o contrario, não sabia dizer. Só sabia que naquele momento, ela tremia. Naquele instante, ela queria que fosse um sonho. Viu ele, aquele que amava como pai, irmão, amigo, homem, filho.. tirando a sua vida. Se era real ou não, não podia dizer, mas a dor foi real, as lagrimas que brotaram nos olhos eram tão reais que podia senti-las quentes rolando pela face. O grito entalou-se na garganta, sufocada pelo que via... Muito além de caos.
A dor ainda estava ali, o choque da assustadora visão. Demorou vários segundos para ver que agora, diante de seus olhos ainda vivos, não era mais a sua morte que via, não era mais o seu destino. Eram todos. Viu a estranha garota matar o grande homem, viu um líder de um exercito sombrio, viu a mulher antes ao lado de Alfadur, agora dando muito mais do que tinha. Se aquilo não era real, se era um pressagio, não podia deixar que se tornasse real.

Aquelas visões a sufocaram, a sensação de impotência dominando seu ser naturalmente livre. Aprisionando-a, prendendo-a ao chão com algemas de ferro negro. Parecia ter um enorme peso nos ombros, que a forçava em direção ao chão como se sussurrasse em seus ouvidos. “Renda-se.”. Não sabia se era efeito do medo tão novo em seus poros ou se todos sentiam-se tão incapazes quanto ela, naquele momento, só tinha certeza de uma coisa. Não sabia de absolutamente nada.

Um novo brilho esverdeado cegou-lhe os olhos úmidos e tudo então, sumiu. A voz tornou a ecoar em sua mente, agora um sussurrou baixo e contido. Ela levou as mãos aos olhos, esfregando-os com força e quando tornou a abri-los, arregalaram-se com a mulher ali parada a sua frente. Ela não estava ali antes, nem mesmo sabia se realmente estava ali naquele momento. Não era a única, haviam outros, mas os olhos de Niume eram apenas dela. Não conseguia desvia-los.

A mulher estava deitada no chão, levemente curvada. Os cabelos negros e soltos tampavam-lhe a face e usava o que restava de um vestido branco e esfarrapado. As pernas e braços a mostra estavam arranhadas, cheias de cortes que sangravam finos filetes de um liquido negro e viscoso que Niume imaginou ser sangue. O mesmo liquido lhe manchava varias partes do tecido rasgado do vestido, sendo uma mancha maior no estomago. A mao fraca e tremula, suja de sangue e terra, apertava-se ao chão, puxando a terra enquanto tentava alcançar a espada, com um lobo entalhado na ponta, logo a frente. Niume a tinha olhado como uma mulher qualquer, ouvido os suspiros de dor e choro, ouvido a respiração forte e forçada a cada cm que forçava o braço e levou vários instantes acompanhando-a ate notar que a espada que ela tentava buscar, era a mesma que segurava nas mãos. A mulher no chão, era ela. A Niume que morria a cada segundo, sem conseguir mais lutar. A Niume que desejava morrer, livrar-se da dor da traição.. Aquela Niume e ela própria, eram apenas uma. Passado e futuro. A mao apertou-se com tanta força ao apoio da espada que os nós dos dedos ficaram brancos.

Um instante depois, logo atrás do corpo da mulher caída, brotou algo parecido a uma chama. Tinha tons de cinza, como a outra, mas flamejava como fogo. De incio, foi uma chama pequena, que cresceu, cresceu e cresceu, ate arder como uma fogueira alta. As chamas moldaram-se lentamente, dando forma a um corpo esguio do que logo se revelou uma outra mulher. Esta, estava viva, viva como o fogo. Era alta como Niume, usava uma tira de pano escuro tampando seios e uma saia, presa entre as pernas, parecendo uma calça estufada. Na cintura, vários objetos de metal formavam um cinto, repleto de símbolos que ela não entendia. No rosto, não havia cabelos ou olhos, o mesmo tecido que tampava a parte superior do rosto, deixando apenas nariz e boca a mostra. A mulher tinha vários símbolos tatuados pelo corpo, que percorriam a barriga, ombros, braços, mãos, rosto e pescoço, de uma cor chapada que ela só pode imaginar sendo o negro. Na mao direita, segurava uma lança com cabo de madeira, a outra, foi estendida na direção de Niume, alta demais para se referir a mulher caída no chão. A jovem deu um passo para trás com aquele gesto e tornou a olhar a mulher junto a face.

A estranha figura tinha nos lábios um sorriso irônico, atrevido e malicioso. Não via seus olhos, mas tinha certeza de que a mulher a olhava, a observava em cada movimento, sentia ate mesmo os pelos da nuca se arrepiarem.

“Salve-se.”

Não a viu mover os lábios, não sabia dizer com o que a voz dela se parecia, mas sabia que a voz era dela. Entao, na mão estendida, outra chama brotou, flamejando com mais intensidade, envolvendo quase todo o braço. Sob a palma da mão, o fogo formou a imagem de uma caveira e a mulher deu então, um passo a frente, quase pisando sobre o corpo no chão que ainda tentava alcançar a espada. O sorriso no rosto alargou-se com mais maliciosidade e mesmo sem nenhuma palavra, Niume entendia.

A mulher lhe oferecia uma chance. Uma chance de aceitar o que ela oferecia ou a chance de ser a mulher caída no chão. Ela lhe oferecia a escolha entra a vida e a morte. O poder de ser livre como nunca tinha sido, de controlar os passos do próprio destino, sem ter de se curvar a ninguem, ou de morrer como estava escrito nas estrelas, pela mão daquele em que teria confiado a própria vida.

“Liberte-se.”

Niume apertou a mão livre em punho e suspirou. Olhou de uma para a outra, a fraquesa e o poder. Se fosse forte, havia muito mais que poderia fazer, por ela, por aqueles que amava, por Alfadur. Ele nunca mais se acorrentaria a cama de novo, se ela tivesse força para mantê-lo longe das algemas. Então ela assentiu, deu um passo a frente e estendeu a mão livre na direção da mulher.

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Mensagem por 25Slash7 Sáb Jun 02 2012, 10:28

Fosse perguntado depois, Hector Hrothgar diria lembrar-se de estar alí, frente a um exército de aberrações, coração na garganta. Diria lembrar-se de Charlie e de Fal Grey, e dos seus seis homens de confiança, os seis homens da guarda, parando ao seu lado e as suas costas. Homens fiéis. Homens juramentados. Homens que tremiam, mas homens preparados para morrer por seu senhor. Diria lembrar-se do peso do martelo nas mãos, e de uma prece que fez em sua mente.

Do resto, não comentaria. Não com qualquer um, pelo menos.

Mas, realmente, ele nunca fora um Senhor, fora? Tinha uma fortaleza, tinha homens prontos a morrer por sua palavra. Tinha um pequeno protegido, de nome Charlie. Tinha um título. Tinha o sangue dos gigantes. Tinha um martelo. Mas nunca fora um senhor. Faltava-lhe... alguma coisa.

Quando as visões apareceram, quando Hector viu o que ele imaginava ser o destino de todos alí, destinos negros, de dor e tristeza, algo nele pareceu, estranhamente, parar de funcionar, ao menos temporariamente. O desespero deixou-lhe a mente, e o coração desceu-lhe da garganta, voltando a seu lugar de direito. Não havia mais surpresa em seus olhos. Tantas coisas... Tantas coisas haviam acontecido. Não existia mais como se surpreender, diante daquele emaranhado de coincidências.

Assistiu então, impassível, o destino negro que os aguardava, um por um. Não tremeu. Não olhou para os lados. De que adiantava resistir, quando não lhes era dada nenhuma ação, nenhuma solução? Eram humanos. Pequenos humanos em frente a uma trama muito, muito maior.

E, afinal de contas, ele nunca havia sido, realmente, um Senhor.

Quando as visões se foram, Hector teve um breve momento de liberdade, no qual olhou em volta, antes das novas figuras aparecerem, e seus olhos serem tragados de volta para a própria.

Primeiro, notou, ajoelhado a sua frente, uma estranha criatura. Era alta, mas era magra, doentiamente magra... E estava ferido. Sangrava. Sangrava de um profundo corte na garganta. Tinha os olhos negros e cansados. Um deles chorava lágrimas do mais puro ébano, e Hector percebeu que aquelas eram as lágrimas que chorava por uma família da qual nunca fizera parte, as lágrimas que chorava pelas defesas que haviam se imposto, pelo distanciamento que havia criado, pelas tentativas que nunca havia feito. Eram lágrimas de incompreensão, de desistência e de ódio. E o outro olho cansado e velho chorava lágrimas tão rubras como sangue derramado, e tão quentes, que pareciam sotlar vapor frente ao clima gélido de Haafingar. Aquelas eram as lágrimas, Hector percebeu, que o homem a sua frente chorava por tudo que poderia ter sido. Pelo amor por um pupilo que o traira - um pupilo contra o qual não ousara erguer a mão, mesmo quando este lhe buscava o pescoço. Pela passividade frente aos designios dos Deuses e dos espíritos. As lágrimas vermelhas eram lágrimas de emoções não concretizadas, de arrependimentos que, não frios como os negros, eram quentes e ferozes, turbulentos. Lágrimas de ações das quais não se arrependiam. As lágrimas vermelhas não eram apenas tristes - eram lágrimas de alegria e tristeza, de calor e emoção. Eram lágrimas fortes. De joelhos a sua frente, Hector viu que, quem chorava, era uma Montanha. Se negra, se vermelha ou sem cor, ele não sabia - só sabia que, o que manchava as roupas da criatura decrépita, eram as lágrimas da Montanha.

E então, atrás dela, surgiu uma figura gélida e incandescente em sua ausência de calor. Imponente como nenhuma outra havia sido, como nunca antes havia visto. Era o maior homem que Hector já vira - era muito maior até mesmo que Voz dos Antigos, ele imaginou, ainda que não soubesse se era uma altura real, ou concedida por sua imaginação. A figura de olhar severo vestia um manto negro, vermelho e branco. Negro como a noite, vermelho como o sangue, branco como o gelo, e em seus olhos ausentes de emoção havia apenas o desprezo. Desprezo por ele. Desprezo pela criatura moribunda caída entre os dois. Se era anjo ou demônio, Hector não parou para pensar - era imponente como um Deus entre homens, um Deus verdadeiro, não um falso Deus do Calor e Das Coisas Que Se Aquecem, não um falso Deus com sangue de Dragão - imponente como um Deus deveria ser, e parecia irradiar uma luz pálida e violenta... Mas seus olhos... Seus olhos eram terríveis. Eram olhos de dor e morte. Hector notou que aqueles olhos eram olhos capazes de destruir existências, e que aquelas mãos, aquelas mãos tão grandes, que provavelmente eram capazes de lhe esmagar o crânios em esforço, já haviam feito viúvas e orfãos, e já havia sido a ruína do coração de mães e dos corpos de bebês. Notou que o homem vestia uma coroa - mas ela, ainda que bonita e purava, parecia vermelha, pois pingava de sangue recém derramado.

E então, ele compreendeu, como que em uma epifânia, tudo que havia compreendido, mas não ainda entedido. A figura ajoelhada a sua frente, a figura decrépita, era ele! E o homem, o homem divino e maldito, belo e terrível, era o primeiro dos Hrothgar, o primeiro gigante que dera origem aos com o Sangue da Montanha, a lenda encarnada, os mitos tomados forma! Hector voltou a vida, como que de súbito, ouvindo as palavras que nasciam de todos os lados, as preces. E ele riu. Riu alto, gargalhou, quase histérico, como um homem que ri de si mesmo e de tudo a sua volta - riu como um homem que, enfim, conhecia a verdade. E, quando ele o fez, a criatura decrépita a sua frente parou de chorar, erguendo os olhos renovados de esperança, como se olhasse para um infante que nascia, para a criatura que a ele poderia salvar. E o gigantesco homem-gigante sorriu também, um sorriso de dentes afiados e quadrados, feitos para rasgar carne e esmagar osso - um sorriso que, se de orgulho ou escárnio, Hector nunca saberia.

E alí, Hector Hrothgar, o Montanha Negra, firmou o martelo em seus dedos, o som das vozes ainda ecoando em sua mente. Não via os outros - via-os de relance, via-os em volta, sentia que eles também experimentavam suas epifânias, suas descobertas.. Mas era pessoal. Eles teriam as deles, e fariam o que achassem que deviam fazer. Ele tinha a dele, e faria, como sempre, o que achava que tinha que fazer.

"Liberte-se", ecoou em sua mente mais uma vez, conforme ele rugia e avançava, brandindo o martelo em frente, disposto a demolir, nem que fosse com seu último esforço, os espectros a sua frente.

O futuro não existia. Ele o faria.
O passado não importava. Estava vivo dentro dele.

Era livre como nunca fora.

E os Hrothgar caíram, sim. Mas não pela mão de Charlie, não apenas. Caíram pela mão da Montanha Negra. O Sangue da Montanha lavaria o chão do norte, pois não havia rei, se não o primeiro rei, da coroa sangrenta. Pois o mundo dos homens ameaçava cair, e era ele, Hector Hrothgar, a avalanche que soterraria os inimigos.

Mas precisava da sua coroa. Precisava da coroa lhe haviam roubado.


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O Rei da Coroa Ensanguentada (base).
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Mensagem por 25Slash7 Sáb Jun 02 2012, 10:28

Ora, se não era verdade que seu golpe naquele selo acabaria por liberar uma estranha energia? O cajado do jovem parecia influenciar naqueles eventos mágicos onde ele parecia ter de controlar e aprender isto rapidamente. A "coisa" ali dentro nao fazia mais do que apenas instigar o caos em sua mente, mas... não seria Alfadur filho de um dos senhores do Caos? Aquilo era ruim, mas... no fundo, lá no fundo... ele sabia... ainda era a Criação, em sua forma ainda que um tanto distorcida, descarregando sobre ele o jugo de seus senhores. Na Wyld, o jugo era sempre imprevisível, implacável, cruel... mas ali, Alfadur ainda poderia sonhar em ser o salvador de todos. Ele sorriu, moveu o cajado brincando com aquela luz esverdeada enquanto ainda fitava o buraco a sua frente.

" - Nada diz... nada mostra, apenas a dúvida impera sobre nós. É isto que deseja? Semear o Caos mesmo sendo um Ser da Criação? Vamos ver se é tão bom nisso quanto os que eu conheci além das fronteiras do mundo! É liberdade que deseja? É liberdade que terá!"

Ergueu o cajado e mais uma vez apontou para o buraco e mais uma vez aquela luz brilhou pulsando e expandindo-se em todas as direções. À partir dali, Alfadur já não se sentia mais parte daquele Tempo, não se sentia mais parte daquele mundo... ele sabia que estava ali, mas o que via era quase tão estranho quanto as bizarrices indescritíveis que conheceu desde quando nasceu além dos confins do mundo.

Uma visão de tormento... um mundo aos pedaços, um mundo sem salvação. Estariam seus antigos senhores certos? Seria mesmo a Criação um Cancer a contaminar a imensidão da Wyld e não o contrário? Alfadur via, como se o Tempo não existisse para ele, uma história sendo contada. Uma triste história de um mundo onde os que amam se matam, onde os monstros se tornam senhores, onde os inocentes perecem. Um mundo onde os próprios deuses definham, onde os grandes Impérios caem, onde um garoto de traços androginos fere seu proprio salvador, onde um virtuoso guerreiro se torna um senhor tirano de hordas malditas, onde uma alma generosa se perde na imensidão de um paraíso celestial decaído sendo incapaz de mover-se para ajudar quem quer que fosse.

A última cena já não era mais uma simples cena... ele via a si mesmo, sentia a si mesmo, carregava a arma que um dia fora de seu senhor e pai, algo que devia ser apenas uma espada melhor que outras armas mundanas, mas que naquele momento parecia mover o mundo, mover o Tempo, mover o espaço, como a arma que o grande urso empunhava. Nada era comum, nada era previsível, sua Presença era soberana naquele resto de mundo... ele era definitivamente um Inimigo da Criação, era como seus senhores tiranos e estava a um passo da vitória. A última figura humana a sua frente o olhava sem saber o que acontecia com ele, ela via os olhos da loucura, ela sentia sua alma se despedaçar, ela chorava de dor, de tristeza, desapontada e sem esperança.

Alfadur sorriu... ah... era tão bom estar ali! Era tão bom ser aquilo, ter um mundo aos seus pés, ele mostraria a todos que era maior que os que o criaram, maior que os que sonhou defender, como se estivesse mergulhado e bebado em seu proprio orgulho, um ultimo gesto e aquela espada atravessava o ultimo humano que seus olhos viam. Seus olhos satisfeitos contemplavam a mais profunda tristeza enquanto sua alma se embebedava com a alma daquela criatura simploria. O Poder da Espada colhia o Medo daquela figura insignificante. Os olhos tristes da mulher nada valiam até que se tornassem esbranquiçados enquanto o profundo corte jorrava todo seu sangue naquele solo maldito.

Então a mulher caiu... a alma de Alfadur sofreu... sua loucura passara e naquele mundo destruído ele via morta sua maior Esperança. Niume... ele a matou, ele a fez sofrer dor, ele a fez chorar e lamentar por não te-lo ajudado a se livrar desta loucura. Seus olhos marejaram e sua mao soltou a espada que fincava no chão. Ele debruçou-se sobre o corpo inerte de Niume e seu lamento ecoou por todo aquele resto de mundo como o próprio Arrependimento que assumia uma forma de som. Maldita Consciência... o herói tornou-se um monstro, aquela que sempre amou jazia em suas mãos. O que fazer a não ser findar-se a si mesmo e unir-se àquilo que desejou defender e que agora estava morto? O mundo morria como Niume morreu em seus braços, suas mãos erguiam novamente a espada, prontas para dar fim á própria vida e aliviar sua dor. Era o outro lado da moeda... saía a loucura desmedida e sem remorso, nascia o arrependimento mais profundo e o desdejo de vingança contra si mesmo. Seria seu fim?

"... Este não sou eu... não sou um monstro... não desejo a morte do mundo, jamais feriria aqueles que amo. A Promessa é maior que a Loucura... A Esperança sempre vencerá o Medo... "

Um murmurio seco... sua consciencia, a dele, a de Niume talvez, ecoava no mais profundo vazio. Como num sonho dentro do sonho, nas profundezas de sua alma, Alfadur renascia fora do Tempo sem Tempo e a mesma espada, ora maldita, atravessava a si mesmo como quem fosse atacado pelas costas por aquele que devia de salva-lo e a sua amada protegida. Niume veria aquilo? Talvez não... eles viviam a mesma história, viviam o mesmo sonho, mas a percepção era diferente e talvez ela tivesse sua própria salvação em seu próprio Tempo sem Tempo.

" - Me perdoe Niume... me perdoe... este não sou eu, ainda que pareça ou se o for, não é o que eu desejo ser..."

O ser maldito que outrora desejou ser um algoz do mundo, que se alegrou com a dor alheia e sorriu ao sentir o sabor da alma de Niume era agora o Arrependimento que tomou forma, mas da forma certa, protegendo a que ama de si mesmo, protegendo o mundo dos sonhos malditos, findando o mal em sua mente antes que ele se tornasse real. "Cortem, matem os seus destinos, liberte-nos, salvem-nos, antes que estes destinos os consumam!" Era o que aquelas vozes diziam o tempo todo... eles tinham de lutar não apenas contra um urso gigante, contra demonios, contra seres com nomes esquisitos... eles tinham de lutar contra si mesmos para sobreviverem e prevalecerem naquele campo de batalha.

Alfadur aceitou aquele fardo, ele nao queria ser o algoz de muitos, nao queria ser o algoz dos que amava, não queria ser o algoz de Niume, era o que ele via em meio a toda aquela loucura, como se ele próprio fosse o Ser liberto e consciente que o despertara como um ser divino e brilhante cujas asas pairavam sobre todo céu iluminando aqueles que fossem afligidos pelo tormento mais profundo. Era o que ele deveria se tornar, não um monstro como seus senhores, mas um homem cuja essência resplandecia para que estes mesmos monstros e tantos outros daquele mundo fossem devidamente destituidos de qualquer poder e glória.

Era seu maior sonho afinal...
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Mensagem por 25Slash7 Sáb Jun 02 2012, 10:28

O cheiro de morte, de sangue, do Mal. Novamente.

Mais uma vez? Quando foi a outra? Quando era agora?

Alexander estava cercado de corpos. Crianças, mulheres e homens. Rendidos, dilacerados, destruidos. Nada restava.
Apenas o cheiro.

Novamente?

Via duas mulheres dançando, via as duas matando.
Via.
Tudo.

Tentou retirar a espada da bainha, mas não havia forças em suas mãos. Mal conseguia se mover.
Seria isso medo?
Não. O cavaleiro jamais provara tal sentimento e jamais poderia provar. Por sua honra.
Então o quê?
Se via tudo, por que não conseguia ver aquilo que o imobilizava?

A tua misericórdia é a minha liberdade, Cavaleiro.
Você matou estas pessoas.
Você, e apenas você, me deu a liberdade.


O cheiro, a imagem distorcida.
Aquela mulher.

Escuro, aquilo era subterrâneo.
Era quente, havia fogo.
Símbolos desenhados a sangue e jade.

De novo?

Quantas vezes viveu aquela noite?
Quantas vezes viu tudo sem enxergar absolutamente nada?

Sempre sentistes a tua maldição.
Eu estarei ao sei lado eternamente para lembrá-lo de sua sina.
E você vai lembrar que é graças a mim que vives. Cada batalha que vencer, cada passo que caminhar.
Deverá agradecer a mim.


Mas simplesmente não conseguia lembrar. Quem era?
Quem eram?

A luz verde cegou os olhos de Alexander.
Estava frio, muito frio.
Mas aquele cheiro... Permanecia.

Sua espada estava em suas mãos, via tudo, mais uma vez.
De onde veio?

Estava em transe. Vivia uma memória esquecida.
Sua mente não respondia. mas as palavras permaneciam.

Você, e apenas você, me deu a liberdade.

Destino?

E qual é a resposta?
Existe um destino para cada um ao nascer?
Ou cada um cria seu destino com cada passo dado?
E quanto os passos dados interferem na construção de um novo futuro?
Seria mesmo possível nascer maldito?

Mais uma vez, assistiu.
Assistiu a tudo, impotente.
Decadência.

A própria decadência e a decadência de todos aqueles que, nesta noite fria e sangrenta, agiram.
Seria isso que sobrou deles?
Seria então esta a sina que iria, que deveria, seguir, cumprir e aceitar?

Se os deuses realmente intereferem na vida dos homens e realmente lhes conferem destino...
Então eles são mais cruéis do que todo mundo jamais poderia imaginar.

Viu as palavras e as cenas nas estrelas.
Lágrimas escorriam de seu rosto.
Decadência.
Todos. Caídos.

Sentia-se num grande deja vu, enquanto demonios e o urso usurpavam a vida, como se todos fossem meros fantoches.

Nada além de mais um fantoche.

Estava lutando. Contra quem? Não sentia mais seu corpo, mas sabia que lutava.
Lutava enquanto chorava, enquanto sonhava com as estrelas.

Contra quem lutava? Com que força?
Seria então... Um fantoche?

Via agora uma mulher.
Bela, emitia luz, era majestosa.
Mas em seus olhos... Que sentimento era aquele?
Pena? Dor? Misericórdia?
Era um olhar que feria. Feria a alma.

Ela também estava ferida. Em toda a sua beleza, ferida. Não no corpo, nunca.
Seria impossível ferir aquele corpo.
Mas a alma...

Nenhuma palavra. Ela estava sentada, emitindo sua fraca luz.
Os olhos... Fracos, tristes.
Era doloroso olhar para aquela mulher.

Era ela.
... Quem?

Eventos Globais Cosmos

Sua fraca luz olvida por sombras.
Lentamente ele pousou atrás dela.
Emitia trevas. Era trevas. Era sangue.

Era ele... Sem dúvida!
... Quem???

Eventos Globais Femto

Mais uma vez, assistia. Mais uma vez, sabia. Mas não lembrava.

Nenhuma palavra.
Apenas o olhar. Frio.
Nenhuma expressão. Mas via e sentia a vontade de destruir vindo daquela criatura.

Ele estendeu seu braço, e a mulher flutuava sem controle sobre si.
Seus olhos continuavam repletos de um sentimento indescritivel.
Os olhos dele continuavam frios.

Olhava diretamente para Alexander.
Sentia algo dentro de si. Era ódio? Não...
Mais uma vez sabia o que ocorreria, mas...
Queria negar aquilo.

Eventos Globais Femto-Casca

Estava ofegante. Precisava mudar, precisava impedir.
Como aquilo poderia fazer isso com ela?

Precisava protegê-la.
Sim... Era ódio.
Já sabia que não seria capaz de salvá-la.
O ódio não é o caminho para a vitória.
Mas não conseguia parar de odiar.

Cada vitória e cada derrota será minha. É seu destino.

Matem-nos...

Libertem-nos...

Nossos destinos...

Somos o flagelo do mundo...

Destino?

Observou com atenção.
Focou seu alvo. Jogou a lança para o alto, para segurá-la da forma correta.
A ponta da lança, sua lâmina, iluminada pelo fogo que ardia em volta, e por dentro.
Lâmina de Luz. Era isso que representava. Era isso que ele mesmo é!
Luzente.

Dois passos. Não mais do que isso.
Num salto, arremessou a arma. E sua lâmina seguiu perfeitamente na direção da cabeça daquilo.
Brilhando, como mil sóis.
Uma luz que se confundia com o verde do ritual, o vermelho das chamas e o branco do gelo.

Eu faço o meu próprio caminho.
Eu sigo os meus passos. Não os seus!


Não pode nunca ser ódio.
Mas Justiça...
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Mensagem por 25Slash7 Sáb Jun 02 2012, 10:30

Teus destinos...

E Hector manejou a sua arma disposto a livrar-se de cada centímetro de fraqueza que seu espírito carregava. Ele, e muitos outros, imaginavam que estavam se encarando, olhando para um reflexo de si mesmos e, talvez, aquela fosse uma interpretação válida. Talvez fosse apenas o devaneio de alguém incapaz de discernir entre o que era real e o que era falso. O que era ilusório e o que era... o que era inexplicável.

Sua arma zumbiu no ar e, junto com ele, Charlie e Alfadur sentiram o mesmo impulso. Sentiam que algo deveria ser destruído, algo deveria esmorecer para que eles pudessem, enfim, resplandecer. Buscavam a força para moldar os destinos ao qual estavam atrelados, aprisionados.

E, naquele momento, não lhes importava como conseguir isto. Fosse pela violência, fosse pelo sacrifício.

Do outro lado, Niume tomava um caminho diferente. Um caminho de aceitação diante daquela imagem antiga e de olhos profundos. Niume estendia a sua mão movida pela esperança de que aquilo lhe tornaria forte o suficiente para dar liberdade onde havia algemas.

Quanto a Vaan... Vaan sentia-se quebrada desde o seu "retorno". Sentia como se algo havia lhe sido tirado. Alguma coisa faltava...






- Ancião!!!

Ledaal estava caído no chão, quando o furioso Urso avançou em direção ao velho. Com poucas alternativas, o homem recuava, deslocava-se para trás e disparava flechas contra o seu algoz.

- Não hoje! Não hoje!

O velho gritava, mas havia pouco a se fazer além disso. Voz dos Antigos não se incomodava quando uma dúzia de flechas eram disparadas em sua direção. Para ele, bastava comandar fluxo temporal. Cortava o ar e, com cada corte, uma distorção era criada. Em alguns momentos, o Ancião acreditava estar vivendo um dejavu, com eventos se repetindo incessantemente.

No fundo... algo já lhe dizia como aquele dia acabaria.







Eu não posso libertá-los...

Violência.

Quando Hector derrubou a figura decrépita, esta foi a primeira palavra que lhe veio a mente. Foi, porque agora, encarando a criatura divina que o enfrentava, era tudo o que ele conseguia pensar, pois aquele olhar terrível o consumia, devorava-o.

Nós não podemos...

- Tua hipocrisia... - as palavras da Divindade eram lentas, faladas em outras língua. Uma língua antiga, que lhe fazia doer o ouvido. De alguma forma, no entanto, ele entendia o significado – fez de ti um fraco.

E quando terminou, a criatura segurou Hector pelo pescoço e, em sua imensidão, envolveu Hector em uma escuridão de sombras e gelo.







Homens e mulheres morriam. Quando o corpo do Ancião foi despedaçado em dois, tudo o que restava era observar o executor matar, matar e matar. E enquanto matava ele gritava "Onde está Rametheus?!".







Mas podemos...

Liberdade.

Niume pensava em liberdade no momento que estendeu a mão, enquanto era observada pela mulher de aparência imponente e marcada por tatuagens cujos significados aterrorizavam os sonhos dos homens.

- Recorda-te... que para que renasças, precisa antes morrer.

A voz era dura. Como seria a voz de uma mãe zelosa que entende os males do mundo e que não pretende proteger seu filho da dor.

Niume teve a sua visão tomada por uma forte e densa luz dourada.




- Interessante...

Olhava como os homens eram incapazes de olhar. Olhava, como quem pouco se importasse com as mortes ou a obsessão de Voz dos Antigos. Por trás de sua máscara de dor, ele apenas olhava. Olhava o destino, o mundo mover-se e submeter-se.







Dar-lhes a força necessária...

Negação.

Não importava o que fizesse. Era loucura que corria através do seu sangue. Era o chamado dos perdidos e dos ensandecidos que o tomavam dia após dia. Era aquele o seu signo. Ele poderia fazer o que quisesse fazer. Mas cada ato era guiado por uma loucura. Uma loucura contida dentro de si, mas que, eventualmente, seria lançada sobre o mundo dos homens.

Alfadur negava. E ao negar sua loucura, ao matar a imagem decrépita, ele mergulhou num vazio, quando as asas brilhantes assumiram um tom esmeralda, e o envolveram.







Os teus dias contados

Ledaal estava de pé, sobre o selo. A sua frente, estava a criança ajoelhada, choramingando.

em um céu sem estrelas

Todos estavam mortos. Voz dos Antigos jazia vitorioso, mas ainda sem encontrar o que procurava.

foi tocado e levado

Seus olhos gélidos observavam o mortal com curiosidade. Com a curiosidade que apenas um ser divino seria capaz de ter diante das tolices dos homens.

pelo Senhor da Guerra

- Deseja morrer junto dele...?







Para que morram como escolherem...

Adaptação.

Não tinha, afinal, se adaptado a toda as merdas que o mundo havia lhe jogado? Não havia superado e desafiado todas as chances perdidas e sonhos despedaçados? Charlie, talvez, não fosse virtuosa, tampouco comprometida com princípios valorativos.

Sacar a sua arma e avançar contra o que julgava ser o seu passado... era o modo como encontrava de se adaptar, de deixar de ser fraca e tornar-se forte.

Isso, porque Charlie não era forte porque a sua natureza assim a tornava. Charlie era forte, porque era o que o mundo exigia dela.

E nessa exigência, ela foi devorada pelo tigre indigo.







tu que caminhas

Sora respirava com dificuldade. Enquanto segurava um punhal em sua mão esquerda, sentia o sangue escorrer pelo ombro direito. Suas pernas tremiam, incapazes de sustentar seu peso. Sua essência havia desaparecido.

sob o estandarte esmeralda

Olhou a volta. No ar, haviam pequenas imagens distorcidas, representando os cortes que o tempo-espaço havia sofrido. Algo lhe dizia que foi naquele instante que a Criação começou a ruir.

dará tua carne e tua alma

- Hoje... eu não posso fazer qualquer... qualquer maldita ação contra você... contra sua arma... mas amanhã...

para que a luz dos homens

Ele olhou para o alto. Aquela noite era a Noite da Noite Infinda. Não haviam estrelas no céu.

brilhe sobre a terra







- Teu destino. Você não deveria estar aqui. Porque não é este teu destino. Não é esse quem você é. Não, não é você quem deveria estar aqui. Porque você morreu. Morreu quando caminhou em direção ao Primordial Caído. Você morreu. E os mortos não tem destino no mundo dos vivos. Ainda assim, aqui você está. E ainda assim, aqui você está. Ainda está. Aqui. Para fazer o teu papel. Algum papel. Mas você. Você não pode escolher como morrer. Você morrerá. Como eu dizer que deve morrer. Porque o teu destino. É o meu destino.

As vozes vieram em sua cabeça, sopravam, sussurravam, gritavam. Uma infinidade de vozes, mas apenas uma se destacava. Apenas uma direcionava.

As duas mulheres, ligadas pela espiritualidade, cravaram suas mãos na carne de Vaan. E quando elas o fizeram, Vaan compreendeu o verdadeiro significado da palavra dor. E quando a criatura sombria olhou em seus olhos, Vaan compreendeu que olhava para o próprio universo.

E Vaan dormiu. Porque era tudo que lhe restava até que houvessem despedaçado sua alma e torná-la algo remendado.







- Não... não... NÃO!

Voz dos Antigos gritou. Empunhou a espada pronta para manejá-la, pronta para torcer o tempo. Pronta para fazer qualquer coisa que parasse aquilo.

- NÃO!

Correu, deixando para trás um rastro de gelo e um cheiro forte de sangue. Voz dos Antigos, cujos pelos esbranquiçados haviam tomado tonalides carmins e cujos olhos outrora sarcásticos e curiosos, agora pareciam desesperados.

- NÃO!!!

A lâmina de Ledaal atravessou o coração do Guardião Esmeralda. E um silêncio fúnebre debruçou-se sobre Haafingar.







FIM DA INTRODUÇÃO

Haafingar estava vazia. Haviam apenas cadáveres e sangue. Voz dos Antigos e a Criatura mascarada haviam sumidos após a última cartada de Ledaal. O guardião esmeralda estava morto, deitado em uma poça de sangue que se estendia pelo símbolo no chão.

Sora, por sua vez, estava deitado, próximo à criança, ainda com o punhal em mãos.

Ao redor do selo, três estátuas haviam surgido. A primeira era a de um imponente gigante, um guerreiro entre os deuses. A segunda era um portentoso tigre, cujos olhos azuis desafiavam a Criação. O terceiro era uma figura humanoíde, cujas asas estendia-se ao redor do selo.

As estátuas eram do mais puro mármore. E sua imagem era aterradora, por mais bela que fosse.

Vaan e Niume estavam caídas no chão. Niume tinha o corpo coberto por centelhas dourada de energia e, em sua testa, o símbolo dourado da mais divina divindade.

Vaan parecia retornar de um transe. Seus olhos haviam assumido uma tonalidade violeta e sua íris era preenchida por um centena de pontos brancos, como estrelas. Em sua testa, um símbolo violeta e brilhante que representava o fim de todas as coisas.

Naquela noite infinda...

A roda começava a girar.



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